As importações de bens de consumo correntes sem combustíveis passou de 5,6 mil milhões para 4,7 mil milhões de dólares em acumulado (-16%), sendo determinante para a redução geral das importações, segundo o relatório económico do Centro de Investigação da Universidade Lusíadas de Angola (CINVESTEC).
Os especialistas do referido centro apontam que a variação homóloga é ainda mais importante, atingindo -29%, e que esta redução está a ser uma das principais causas da inflação. Após a crise cambial, enfatizaram, com a consequente inflação determinada pela taxa de câmbio no 2.º trimestre do período em análise, foi a redução das importações que determinou em grande medida a marcha da inflação, pelo menos até Fevereiro de 2024.
De acordo com o documento, no período em análise, a produção interna de bens finais cresceu cerca de 6%, mas as importações de bens de consumo caíram 29%, determinando uma redução total da oferta ao consumo de 16% e de cerca de 19% por habitante. “É esta redução da oferta, embora haja também algum crescimento da massa monetária, que determinou a inflação neste período”, sublinha o relatório.
O mesmo cenário de queda f oi visível para as exportações totais que decresceram 25% face ao trimestre homólogo, ou seja, caiu de 13,1 para 9,8 mil milhões de dólares, com um total de dependência das exportações petrolíferas, que se reduzem 26%. Em valor acumulado, segundo o documento, desceu 32%, de 39,7 mil milhões para 26,8 mil milhões de dólares, com as exportações petrolíferas a reduziremse a 33%.
Já as exportações diamantíferas, estas apresentam variações de -35% e -32%, face ao trimestre e ao acumulado do mesmo período, ainda mais acentuadas do que as petrolíferas, passando em valor acumulado de 1,5 mil milhões para 1,0 mil milhões de dólares. As restantes exportações registaram um crescimento de 17% face ao trimestre homólogo e de 8% em valor acumulado, passando, neste último caso, de 500 milhões para 540 milhões de dólares, com um aumento nas exportações de bens na ordem dos 11% e uma redução de 15% dos serviços prestados ao exterior.
Investimento externo cai 9,9%
investimento angolano no exterior, excluindo as reservas do BNA, caiu para 9,9% saindo de 34,9 mil milhões para 31,4 mil milhões de dólares, ou seja, reduzindo-se 3,5 mil milhões (9,9%), quase exclusivamente em resultado da descida de 2,2 mil milhões em moeda e depósitos e de 1,2 mil milhões no crédito comercial.
Os especialistas sublinham que se continuou a reduzir constantemente os saldos monetários no exterior, e o crédito aos clientes baixou com a redução das exportações, mas o prazo médio de recebimento das exportações aumentou de 88 dias para 118 dias, entre o 2.º e o 3.º trimestre do período em análise. “Estes continuam a ser os nossos dois maiores investimentos externos, com 15,4 mil milhões e 8,7 mil milhões de dólares para os saldos monetários externos e o crédito comercial, respectivamente”, diz o documento.
O investimento estrangeiro em Angola desceu 9,5%, de 71,7 mil milhões para 68,2 mil milhões de USD (-3,5 mil milhões de USD), devido essencialmente à rubrica de empréstimos, que apresenta uma redução muito próxima dos 2,7 mil milhões. Indo ao detalhe, os especialistas afirmam que de 2017 até ao terceiro trimestre de 2023, o inves timento estrangeiro em Angola apresenta-se em estado deplorável, no que diz respeito à progressão do Investimento Directo Estrangeiro (IDE), tendo decaído de 29,4 mil milhões para 12,9 mil milhões de dólares, o que representa (-56%). Por conseguinte, o valor dos empréstimos externos que ficaram estagnados em 48,0 mil milhões de dólares.
O relatório apontou também que os Direitos Especiais de Saque (DES) do Fundo Monetário Internacional (FMI) subiram de 0,4 para 1,3 mil milhões de dólares, devido ao apoio de mil milhões de USD em meados de 2022. Enquanto a moeda e depósitos reduz-se de 2,3 para 0,6 mil milhões (-73%). Já o crédito comercial subiu de 0,9 mil milhões para 3,6 mil milhões de dólares (300%), com um prazo médio de pagamentos de 75 dias, o que contrasta com os 118 dias de prazo médio de recebimento.
POR: Francisca Parente