As importações atingiram, no passado mês de Julho, um valor de 175,70 milhões de dólares, o que representa um crescimento de 9,09%, segundo os dados estatísticos da Administração Geral Tributária (AGT) referentes ao PRODESI
Os dados apontam que este é o segundo mês consecutivo de aumento no âmbito do Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (PRODESI), após as importações terem registado 155,79 milhões de dólares em Maio e 161,06 milhões de dólares em Junho.
Entre os produtos que mais contribuíram para este crescimento destaca-se a farinha de trigo, que registou um aumento de 244,08%, totalizando 53,47 milhões de dó- lares. A carne de frango também apresentou um crescimento significativo de 21,25%, atingindo 26,31 milhões de dólares, enquanto o grão de milho aumentou 157,82%, totalizando 8,68 milhões de dólares.
Em contrapartida, as exportações no âmbito do PRODESI registaram um valor de 16,2 milhões de dólares em Julho, superando os 11,8 milhões de dólares registados no mês anterior. Estes números referem-se aos produtos incluídos no Decreto Presidencial n.º 23/19, de 14 de janeiro, que define os 55 produtos de produção nacional.
Entre os principais produtos exportados, o varão de aço liderou com um volume de 3,4 milhões de dólares, seguido das embalagens de vidro (1,5 milhões de dólares), sumos e refrigerantes (1,6 milhões de dólares) e clínquer (861,4 mil dólares).
Por outro lado, as importações de arroz e açúcar sofreram quedas expressivas, com reduções de 75,72% e 30,74%, respectivamente, atingindo 7,30 milhões de dólares e 20,90 milhões de dólares. Reforço de incentivos fiscais para produtores domésticos.
O economista Marlino Sambongue considerou que o crescimento das importações de farinha de trigo e carne de frango pode reflectir falhas estruturais persistentes na economia angolana. Apesar disso, o economista acredita que é essencial controlar essa tendência.
O especialista sugere que programas voltados para a industrialização do mercado interno desses produtos devem focar na correcção dessas falhas, através de políticas que incentivem o investimento em cadeias produtivas locais.
Para promover uma substitução efectiva de importações no curto e médio prazos, e para pro- mover as exportações a médio e longo prazos, Sambongue recomenda que o Executivo considere o reforço de incentivos fiscais para pequenos, médios e grandes produtores domésticos desses bens essenciais.
Além disso, propõe melhorias na qualidade da despesa pública, facilitação do acesso ao crédito para pequenas e médias empresas (PMEs) no sector agropecuário (trigo e carne de frango) e investimento em infra-estrutura agrícola e industrial.
Marlino Sambongue diz ser necessário políticas que integrem melhor o sector privado e promovam parcerias público-privadas, vistas como fundamentais para catalisar a produção local de trigo e frango, aumentando a competitividade e reduzindo a dependência das importações.
Sobre a redução nas importações de arroz e açúcar, o economista considera este sinal positivo, embora ainda prematuro.
Destaca a importância de o Executivo continuar a promover políticas que aumentem a produtividade agrícola e melhorem a eficiência da cadeia de valor desses produtos. Apoio técnico à agricultura, continuou, desenvolvimento de infra-estrutura rural e práticas agrícolas sustentáveis são fundamentais para garantir o crescimento contínuo da produção interna, evitando impactos negativos no mercado interno e no poder de compra dos consumidores.
A médio e longo prazos, tais políticas podem prevenir desequilíbrios como escassez ou aumentos abruptos de preços. Sambongue também ressaltou que o impacto das exportações de produtos manufacturados, como o varão de aço e embalagens de vidro, demonstra o potencial de diversificação da economia, alinhado com as políticas do Executivo.
Para maximizar o impacto dessas exportações na balança comercial, sugere que o Executivo adopte uma abordagem mais proactiva, incentivando a inovação tecnológica e investindo em aglomerados industriais especializados; a operacionalização das zonas económicas especiais (ZEE’s) focadas em indústrias de alto valor, agregado que pode atrair investimentos estrangeiros directos (IED) e estimular a criação de cadeias produtivas complexas.
Além disso, políticas de qualificação da força de trabalho e acordos de comércio preferencial com outros países africanos podem expandir os mercados para os produtos, fortalecendo o crescimento económico de forma sustentável.
POR:Francisca Parente