O secretário de Estado para a Floresta, João Cunha, garantiu ontem, em Luanda, que o Governo vai apoiar os avicultores para aumentarem a produção de carne de frango estimada em 50 mil toneladas anualmente, com o propósito de reduzir a importação do produto, que gasta 170 milhões de dólares por ano
O responsável referiu que o país dispõe de capacidade para a produção de frango e ovos sem recorrer à importação desses produtos, no entanto, existem dificuldades na aquisição de grãos, nomeadamente o milho e a soja, para a produção de ração.
João da Cunha, que falava após o encontro com os avicultores, disse que o país pretende aumentar a produção de frango de 50 para 100 mil toneladas, e quer contar com o incentivo da classe empresarial para investir na produção do milho e da soja.
Para impulsionar a produção interna, numa primeira fase, será importada alguma quantidade de grãos (milho e a soja) para ser transformada no país, tendo avançado a hipótese de não se importar ração como produto acabado, pelo facto de existir capacidade suficiente para produzir localmente e colocar à disposição dos avicultores.
João Cunha ressaltou o esforço por parte do Governo em minuciar os produtores, sublinhando o aumento sustentável de produção de diversos produtos e maior interacção entre os produtores, bem como a implementação de uma indústria de transformação de soja em subprodutos para ração.
“O Governo irá apoiar os produtores para estabelecerem contratos que visam o aumento de grãos, com financiamentos do FADA, BDA e outras instituições”, disse. Em relação aos insumos, João Cunha salientou que o país antecipou a aquisição da matéria-prima.
Neste momento, disse, estão disponíveis cerca de 40 mil toneladas de fertilizantes a nível das províncias, adquiridas através do Ministério da Agricultura.
Além dos insumos, já está prevista a aquisição de mais de 250 mil fertilizantes que vai aumentar o volume de produção de grãos, que conta com um crescimento agrícola de 6% por ano. “Foram identificadas linhas de financiamento para actuar na questão dos equipamentos e será acelerado os que já estão em curso para uma das empresas nacionais que tem esta capacidade”, explicou.
Importado 90% do frango consumido
Por sua vez, o responsável da Associação dos Avicultores de Angola (ANAVI), Rui Santos, referiu que Angola importa cerca de 90% do frango consumido, apesar das condições que possui de ultrapassar, a curto prazo.
Disse que foi demonstrado pelo Governo interesse em dar solução às preocupações dos avicultores. Para o avicultor, não é possível produzir carne de frango com os actuais preços dos insumos praticados no mercado, uma situação que poderá ser ultrapassada com a posta no milho e na soja, para a redução das importações a curto prazo.
“Com a garantia do apoio do Executivo, com certeza muitas unidades serão requalificadas, reactivadas e estarão viradas à produçao de carne de frango e outras de ovo”, disse, acrescentando que a meta é atingir 10 mil toneladas desde que o milho e soja cheguem aos produtores a preços acessíveis.
Aposta de equipamentos para produzir ração
O director-geral da Nova Fumetal, empresa avícola sedeada em Benguela, Jamir Baptista, realçou que a grande problemática no sector avícola prende-se com a falta de ração ao preço competitivo para vender o frango a um custo inferior ou igual ao importado.
Com o custo do milho e da soja, deixou de ser viável a produção de frango, e o compromisso é que o Executivo apoie directamente na disponibilidade de recursos para adquirir ração a preço competitivo.
“Queremos a valorização dos nossos produtos, como é o caso da carne de frango e ovos. Foram definidos parâmetros certos para dar este salto, que é preciso trabalhar para reserva alimentar”, disse.
Jamir Baptista sublinhou que o objectivo do Executivo é de atingir as 300 mil toneladas de carne de frango anualmente, que passa pela garantia no fornecimento de milho e soja, sendo que há um comprometimento dos produtores em garantirem esta massificação e do Executivo em criar as condições para a produção.
Jamir Baptista disse que, para produzir 10 mil frangos mês, a empresa que dirige necessita de 25 milhões de kwanzas e só será possível aumentar a produção caso se proliferar os pequenos por muitos produtores.