Produtores de trigo nas províncias do Huambo e do Bié estão focados no fomento e produção da farinha com a finalidade de “travar” a importação e, com isso, reduzir o preço desta matéria-prima que, nos últimos meses, tem encarecido o pão. Para tal, neste ano, estão a ser preparados 13 mil hectares de terra no Huambo, ao passo que o Bié vai contar com 5 mil hectares, de onde se espera retirar um total de 51 mil toneladas de grãos de trigo
Para minimizar o impacto negativo do problema acima referido, produtores nacionais de sementes e de trigo arregaçaram as mangas e estão a apostar no fomento deste cereal que assegura a produção de um dos alimentos mais consumidos em Angola — o pão. O empresário Alfeio Vinevala, do Bié, província que já teve como bandeira a produção de batata rena em grande escala, pretende aumentar a sua área de cultivo de trigo para mais de 5 mil hectares, que correspondem a 15 mil toneladas de produto contra as 13 mil cultivadas o ano transacto. “A sementeira dos grãos de trigo terá início o próximo mês de Fevereiro.
Vou usar todos campos onde se cultivava milho e soja e perspectivamos uma colheita na ordem das 15 mil toneladas”, detalhou. O proprietário da Fazenda Vinevala e Filhos, localizada na aldeia de Eyumbi, município do Chinguar, defende mais incentivos para a produção de farinha de trigo em grande escala, como facilidades para a aquisição de equipamentos, como tractores, para que o país pare de depender da importação do produto.
Alfeu Vinevala sublinhou que o Ministério da Agricultura tem dado algum incentivo moral, através do programa da agricultura familiar, mas não é suficiente. Para agricultura empresarial, precisa-se de equipamentos e tractores que correspondam ao que o país quer alcançar. “Conseguimos produzir farinha de trigo para que o país deixe de viver da importação, mas precisamos de apoio porque existem muitos empresários envolvidos, só não temos é como produzir”, disse.
Para o produtor, o Executivo deve parar de importar este produto e dar maior atenção aos produtores de modo a mudar o quadro para melhor, sublinhando que os produtores tem experiência na agricultura e o país possui terras aráveis. No ano transacto, em Julho, o empresário colheu um total de 13 mil toneladas de trigo produzidas num espaço de três mil hectares. Fruto dos investimentos que fez, a colheita da presente época agrícola será totalmente transformada em farinha de trigo na unidade fabril da referida fazenda, ao contrário de anos anteriores, em que toda safra era colocada à disposição do mercado para comercialização.
De acordo com o produtor, a unidade industrial da Fazenda Vinevala e Filhos tem capacidade para transformar, por dia, 30 toneladas de trigo em farinha. A unidade industrial, segundo Afeio Vinevala, vai servir também para apoiar outros produtores de trigo, no Bié, que não dispõem de capacidade para fazer essa transformação.
Na sua opinião, a implementação da unidade transformadora, que vai agregar valências na produção agrícola da fazenda, está também a fomentar a promoção da empregabilidade no município do Chinguar. Saliente-se que o país importou, no ano transacto, 600 mil toneladas de farinha de trigo para serem moídos, por ter um nível de produção abaixo das 20 mil toneladas.