O director do Gabinete Provincial do Desenvolvimento Económico de Benguela, Samuel Malezi, admitiu, nessa segunda-feira, 05, a existência de empresários que não estão a honrar com os compromissos assumidos, decorridos 20 meses do período de carência, alegando que o ambiente económico não é favorável. Por conta disso, o responsável acusa-os de ‘‘caloteiros’’
Tal facto vai preocupando as autoridades locais, não fosse este um factor impeditivo para que grandes potências económicas no mundo concedessem financiamento ao país, conforme declarou à imprensa o director do Gabinete de Desenvolvimento, que admitiu a existência de empresários que não estão a honrar os compromissos assumidos para com a banca. “Mas é um assunto entre o beneficiário e o financiador.
Todos os financiados do Projecto de Apoio ao Crédito (PAC) tiveram financiamento até 40 milhões, no outro caso é que chegou a 100 milhões de kwanzas”, resume, ao admitir que, no acto da implementação, houve projectos que se confrontaram com situações adversas. Em virtude disso, estão a ser prestadas atenção diferente e/ou reavaliação.
“Mas maior parte deles já venceu os 20 meses de carência. Alguns incumprimentos existem, por essa razão é que há uma acção de monitoria levados a cabo pelo Gabinete, INAPEM e o próprio BDA total”, salienta. Informações colhidas por este jornal apontam para dois dilemas.
Por um lado, empresários a quem se lhes concedem o crédito, mas que têm na compra de carros topo de gama como prioridade, depois de recebidos os montantes financeiros resultante de créditos. Por outro, há aqueles – a quem fontes governantes chamam de «verdadeiros produtores» – à espera de uma oportunidade e, em muitos casos, não a conseguem.
São maioritariamente, conforme reportagens anteriores deste jornal, empresários do ramo da agricultura e pescas, que gostariam de ter as portas de agências de bancos, com o BDA à cabeça, abertas para destas obterem alguns milhões para o fomento à agricultura, na perspectiva da garantia da auto- suficiência.
António Noé, ligado ao agro- negócio, está entre os que há muito vêem os seus esforços, no que se refere à obtenção de crédito, a redundar em fracasso. O jovem empresário vê-se obrigado a abrir os cordões à bolsa pessoal e, de lá, retirar milhões de kwanzas para investir na produção de grãos, com destaque para feijão e milho, sem perder de vista a de melancia, tomate, gindungo e batata, para citar apenas estes.
“Nós já batemos a porta dos bancos e não nos dão”, reclama o empresário, em declarações ao jornal OPAÍS. Apesar desse quadro de incumprimento, as autoridades sinalizam, igualmente, que há alguns projectos dignos de realce nos ramos da agricultura, cujos proprietários, que receberam biliões de kwanzas para os implementar, estão a trabalhar e a desembolsar os créditos.
Pensar antes de aderir ao crédito
No leque de beneficiários, cujo número global não foi avançado, há aqueles que ainda não começaram com o desembolso, segundo Samuel Malezi.
Em virtude disso, o responsável apela a devedores que, sempre que partirem para a elaboração de um projecto para a obtenção de crédito, tenham também em conta as condições prescritas na “ficha técnica”, tendo adiantado que o comportamento de incumprimento impede que outros mais empresários se beneficiem de financiamentos, para além de criar embaraços ao processo.
“Por isso, sempre lamentamos a questão de burocracia e não burocracia. O que houve são reclamações de que os bancos são muito burocráticos. O Executivo orientou a assegurar as iniciativas, simplificou a questão do acesso ao financiamento, mas, infelizmente, temos hoje – o termo não é muito bom – caloteiros. E é preocupante a situação em Benguela”, disse.
Acrescentou: “se calhar, aqui vai o nosso apelo a todos os beneficiários. Não só do BDA e também de outros bancos, através do aviso número 10”, considera.
De acordo com Samuel Malezi, alguns operadores de transporte, que também têm de fazer o desembolso de 200 mil kwanzas/ mês, estão, igualmente, entre os incumpridores, sendo que, de entre eles, há quem tenha alegado dificuldade na implementação, em função do ambiente económico no país.
“Outros por causa do ambiente económico que estamos a viver, daí é que recomendamos a articulação entre o financiador e o beneficiário do crédito”, sugere o responsável.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela