O presidente da direcção executiva da Associação dos Transportadores Rodoviários de Mercadorias de Angola (ATROMA), António Gavião, disse, ontem, ao jornal OPAÍS, que a subida dos preços na transportação de mercadorias, na rota Luanda/ Huambo e viceversa, passa agora a estar orçada em 817 mil kwanzas, diferente dos 500 mil praticados anteriormente.
As declarações de António Gavião surgem na sequência da retirada gradual dos subsídios aos combustíveis em Angola, que está a causar a subida de preço de quase todos os bens e serviços, com maior incidência no ramo dos transportes rodoviários. Em entrevista concedida a este jornal, o líder da ATROMA mostrou estar por dentro das mudanças económicas que o país vive, em que toda estrutura foi mexida, sendo que no contexto do sector que dirige os acessórios de manutenção como pneus e outros subiram de preço, o que trouxe mudanças significativas na actividade de transportação de mercadorias em Angola.
“Toda estrutura a nível nacional foi mexida, nós os transportadores tivemos que fazer um reajustamento na nossa tabela de preços, dada a nova realidade provocada pela não subvenção do gasóleo no ramo industrial”, justificou. A título de exemplo, António Gavião, citou a rota Luanda/Huambo, que teve um aumento de 317 mil kwanzas, sendo que uma viagem agora poderá custar ao cliente um valor de 817 mil, um reajustamento resultante da conclusão feita em auscultações entre a direcção da ATROMA, associados e terceiros.
No que toca à reacção dos responsáveis pelas mercadorias, Gavião afirma não haver resistência. Apesar de certas reclamações, acrescenta, os clientes mostramse solidários com os camionistas, tendo como factor o custo de manutenção das viaturas. “Não há alteração que não traga resistência, nós temos estado a discutir com os nossos clientes, mas estes têm sido solidários connosco, apesar de alguns casos complexos, porque isso também alterou a estrutura de manutenção de custos das viaturas que compõem a frota dos transportadores”, disse.
O custo da transportação de mercadorias, segundo o líder da ATROMA, varia consoante os diferentes destinos de Angola, tendo em vista o cliente, o fornecedor, bem como a carga a ser transportada. As empresas prestadoras de serviços de combustíveis são apontadas como sendo as operadoras que praticam os preços mais altos, devido à sua característica e perigosidade. A subida dos custos operacionais trouxe mudanças significativas para os camionistas. Para António Gavião, com a alteração do preço dos fretes houve, igualmente, um reajuste salarial dos trabalhadores, isto de acordo com a capacidade de tesouraria de cada empresa.