“A capacidade de Angola pagar (o empréstimo) ao Fundo é adequada. Ainda que sujeita a riscos, o país continuou resiliente face aos significativos desafios em 2023, incluindo uma redução na produção e nos preços do petróleo”, lê-se na análise à economia angolana, divulgada ontem ao abrigo da avaliação pós-programa de assistência financeira, que durou de 2018 a 2021, e que teve um envelope financeiro de 4,5 mil milhões de dólares, cerca de 4,1 mil milhões de euros.
De acordo com o FMI, cita a Agência Lusa,”os esforços das autoridades para manter as reformas económicas começadas durante o programa de assistência financeira, incluindo nas áreas da gestão orçamental, mobilização da receita, gestão da dívida, política monetária e estabilidade financeira, ajudaram a potenciar a resiliência da economia de Angola”.
Assim, o Fundo salienta que o crescimento económico manteve- se positivo em 2023, ano em que a economia cresceu 0,9%, graças à recuperação da produção petrolífera no último trimestre do ano, e deverá estabilizar numa expansão de 3,2% a médio prazo desde que o Governo mantenha as reformas estruturais em curso e a agenda de diversificação.
Para a direcção do FMI, apesar de a inflação ter “chegado ao nível mais elevado dos últimos anos, devido à depreciação da moeda e constrangimentos na oferta, o aumento dos preços deverá começar a cair na segunda metade deste ano, com melhor transmissão da política monetária (à economia real) e com o desvanecimento dos choques na oferta”.
Na análise, o FMI prevê que a inflação melhore de 25,7%, este ano, para 16,3% em 2025, seguindo uma tendência de redução que se aplica também ao rácio da dívida sobre o PIB, que deverá cair de 74%, no ano passado, para 58,5% e 52,1% neste e no próximo ano, respectivamente. Entre as recomendações, o FMI aponta que Angola deve manter o ajustamento orçamental, racionalizando a despesa e aponta que é essencial “continuar com a reforma dos subsídios aos combustíveis, com mitigação das medidas para apoiar os vulneráveis, e uma estratégia de comunicação proactiva”.
Além disso, “a coordenação entre o Ministério das Finanças e o Banco Nacional de Angola em operações no mercado financeiro é essencial para a gestão da liquidez interbancária e ajudaria a melhorar a estabilidade dos preços e orçamental”, salienta o FMI, concluindo que melhorar a estabilidade financeira e “implementar um alargado conjunto de reformas estruturais é vital para melhorar o ambiente de negócios e manter o crescimento, no contexto de um declínio petrolífero a longo prazo”.