O Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que Angola tem de voltar ao ajustamento orçamental neste e no próximo ano, e que é “imperativo” cumprir as metas orçamentais e garantir a sustentabilidade da dívida pública
“No que diz respeito às pressões orçamentais, a grande flexibilidade orçamental de 2022 deixou Angola mais exposta a choques externos; o regresso ao ajustamento orçamental em 2023 e 2024, conforme previsto, é fundamental para manter a sustentabilidade da dívida”, disse o economista Thibault Lamaire em entrevista à Lusa, à margem dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial, que decorreram essa semana em Marraquexe.
Para este economista do departamento africano e um dos autores do relatório sobre as Perspectivas Económicas Regionais para a África subsaariana, Angola tem de mantar a disciplina orçamental e o programa de reformas para relançar o crescimento económico e captar investimento.
“A curto prazo, é imperativo uma combinação de políticas e reformas para cumprir as metas orçamentais e da dívida de Angola e assegurar a sua sustentabilidade e estabilidade, o que pode incluir medidas de política fiscal não relacionada com o sector petrolífero, a reforma dos subsídios aos combustíveis, e reformas orçamentais estruturais”, diz Thibault Lamaire, vincando que “devem ser implementados sistemas de apoio social apropriados para mitigar o impacto na população mais vulnerável da reforma dos subsídios aos combustíveis”.
Na entrevista à Lusa, o economista afirmou que “a continuação da elevada dependência do sector do petróleo constitui um problema para o desenvolvimento económico” e salientou que “a diversificação do sector petrolífero para outros sectores com elevado potencial, como a agricultura e as tecnologias de informação e comunicação, é crucial a médio prazo”.
O FMI prevê que o crescimento económico de Angola abrande este ano para 1,3% e estabilize à volta dos 3,4% a médio prazo: “As perspectivas a curto prazo reflectem, principalmente, a queda da produção petrolífera observada neste período, ao passo que as perspectivas a médio prazo são apoiadas pelos planos das autoridades de avançar com reformas estruturais de promoção da diversificação”, explicou.
Para o Fundo, com a produção petrolífera em queda, Angola tem de dar prioridade às reformas estruturais porque “a redução da dependência do sector petrolífero é essencial e deve continuar a ser a prioridade das autoridades a médio prazo, de modo a reduzir as vulnerabilidades decorrentes da maior volatilidade deste sector”.