O representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Angola, Victor Ledo, afirmou ontem, em Luanda, na apresentação e exposição pública do seu relatório, que a economia angolana vai crescer 3% no próximo ano
Victor Ledo disse que, apesar dos desafios, as perspectivas da economia em Angola são animadoras e assentes na alta do preço do petróleo. “Para 2024, a nível de crescimento, nós esperamos uma recuperação acima [da economia de] 2022 e 2023, e a nossa última previsão se situava em torno de 3% para 2024.
Esta- mos igualmente reavaliando este aspecto. Este foi um ano difícil devido às expressões cambiais e preços inflacionários”. Para o representante do FMI, as expectativas é que ambas as expressões irão diminuir no sentido que abarca grande parte do crescimento económico de uma retomada da consolidação fiscal, pois o OGE de 2024 aponta claramente no sentido de colocar as contas de uma dívida próxima da âncora de 60% do PIB estabelecido na Lei de Sustentabilidade Fiscal.
Todos estes aspectos são importantes, continuou, para que se retome aos investimentos nas áreas sociais e são coisas que vão fundamentalmente depender da remoção dos subsídios aos combustíveis, acompanhadas de esquemas de mitigação no que diz respeito à ampliação do sistema de transferências directas de renda através do Kwenda. Victor Ledo enalteceu a coragem das autoridades angolanas em avançar com a retirada gradual dos subsídios aos combustíveis, e referiu que, apesar dos indicadores económicos animadores, ainda existem muitos riscos para economia angolana.
“Os riscos, de uma forma geral no país, estão relacionados com a volatilidade no preço do petróleo, e há outro risco global que afecta a economia local e africana, é o acesso aos mercados de capitais que se tem tornado difícil a países africanos”, sublinhou. Já o secretário de Estado para as Finanças e o Tesouro, Ottoniel dos Santos, disse que as projecções do FMI vão servir como caminho para que o Executivo possa resolver muito dos problemas que afectam a economia nacional.
Rácio da dívida pública na ordem dos 69%
Ottoniel dos Santos referiu que o Governo prevê um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) na ordem dos 2.8%, com o rácio da dívida pública total interna e ex- terna do país na ordem dos 69% no próximo ano.
O secretário de Estado enfatizou que o stock de dívida governamental está na ordem de 52 biliões de kwanzas, divididas em interna, entre os 14 biliões, e externa, na ordem dos 38 biliões, perfazendo com que a dívida, nesta altura, esteja aproximadamente em 85%.
Ottoniel dos Santos considerou que este ano foi muito desafiante, tendo em conta o preço do petróleo, quantidade produzida, e as taxas de juros nos mercados internacionais que acabaram por condicionar a acção do Governo.
Dados disponíveis apontam que o rácio da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) saiu de cerca de 134%, em 2020, para menos de 60% em 2022. Importa referir que o Fundo Monetário Internacional apresentou pela primeira vez em Angola as perspectivas dos indicadores económicos da África subsariana.
POR: Francisca Parente