Com a abertura oficial da Campanha Agrícola 2023/2024, muitos são os produtores que recorrem a compra de fertilizantes e adubos que estão mais caros no mercado. Os lojistas justificam a subida dos preços com a alta do dólar para a importação dos produtores
Com o início da campanha agrícola prevista para este mês de Novembro, em Luanda, na ronda efectuada por OPAÍS, constatamos que a maioria das lojas não tem disponível os fertilizantes, como o amónio, ureia e o 12-24-12. Para se ter uma ideia, a depender da qualidade de produto e o país de origem dos produtos, os preços variam de 20 a 50 mil kwanzas, como é o caso do saco de 50 quilogramas de ureia.
O mesmo quilograma de fertilizante 12-24-12 está a custar 45 mil kwanzas, enquanto o amónio está a ser vendido a 29 mil e 9500 kwanzas. Na Avenida Fidel de Castro, Via Expressa, uma das áreas com numerosas lojas de venda de sementes e fertilizantes, o produto está em falta aguardando pela resposta dos fornecedores que também encontram dificuldades na aquisição dos produtos, segundo explicam os vendedores.
As prateleiras ligeiramente vazias justificam a dificuldade na aquisição dos produtos que estão mais caros, comparando com o mesmo período do ano anterior. Nas lojas, apenas estão disponíveis alguns defensivos e sementes. O preço das sementes, bem como os defensivos tem a ver com a qualidade e as gramas, sendo que os pacotes de sementes diversas variam entre 1.500 a 5.000 kwanzas. A gerente da loja Agromatheus Comercial, Dionísia da Conceição, disse que nesta fase da abertura do ano agrícola existe muita procura, mas que a loja está sem fertilizantes para responder a procura dos produtores.
“Não temos nenhum tipo de fertilizantes, porque dependemos dos fornecedores que alegam que está caro”, justificou. Dionísia da Conceição disse que em cada época do ano os produtores procuram por produtos específicos, e nesta fase buscam fertilizantes como o amónio, ureia, o12-24-12, defensivos, sementes diversas para dar início a safra de hortícolas e cereais.
O mesmo cenário encontramos na loja BrasAfrica, na via expressa, que tem disponível somente o amónio ao preço de 23 mil Kwanzas, mas que está a ser comercializado a um preço considerado elevado pelos produtores agrícolas. Um dos funcionários da loja, Agostinho Bernardo, contou que há muita procura por fertilizantes como o 12-24-12, porque é indicado para o plantio e só depois da germinação é que é utilizada a ureia. “Por enquanto, só temos disponível o amónio e aguardamos pela resposta dos fornecedores para repor o stock de outros produtos”, disse.
Em relação à oferta de sementes, o funcionário garantiu que existe uma variedade de sementes para atender os produtores, realçando produtos como tomate, a cebola, pimenta e melancia. O motivo da escassez e o preço elevado dos fertilizantes prende- se, segundo os comerciantes, com a alta do dólar e o custo de vida que agravou nos últimos meses.
Ruralvet garante produtos suficientes
Diferente das demais lojas, a empresa Ruralvet Agronegócio tem disponíveis fertilizantes diversos para atender os produtores. “Temos adubos suficientes, com destaque para o NPK que serve para o plantio e o 12/24/12, a ureia, o amónio e adubos folhares. Estes são os mais usados e procurados pelos produtores”, disse Nelson Sampaio, o responsável da loja. Nelson Sampaio salientou que a maior parte dos produtores procura fertilizantes e sementes de cereais por causa do período das chuvas, principalmente os camponeses que não têm o sistema de irrigação aproveitam para plantar o milho.
Disse, igualmente, que a loja vende muitas sementes com destaque para o feijão, tomate, couves, quiabos e cebola. Apesar de ter à disposição variedades de fertilizantes, Nelson Sampaio justifica, também, a subida dos preços dos fertilizantes por causa da alta das divisas e a dificuldade na aquisição do capital financeiro, tendo revelado que a tendência é aumentar ainda mais o preço que irá encarecer cada vez mais o custo de produção. Nelson Sampaio contou que os preços aumentaram gradualmente, sendo que o fertilizante ureia saiu de 35 mil kwanzas para 49 mil kwanzas, o 12/24/12 saiu de 35 mil kwanzas e está a ser vendido 45 mil kwanzas, enquanto o fertilizante sulfato de amónio custa mais de 29 mil kwanzas.
Além da venda de fertilizantes, defensivos, sementes e equipamentos para irrigação, a empresa faz o diferencial com o atendimento técnico de solos e serviços de veterinária, sendo que os clientes fidelizados podem pagar a prestações. Para facilitar os produtores que não têm condições de comprar sacos de fertilizantes de 50 quilos, a loja também vende a retalho.
Na sua opinião, futuramente o mercado de agro-negócio vai trabalhar com os pagamento as prestações e crédito para facilitar os produtores diversos. Há sete meses no mercado, a empresa Ruralvet Agronegócio, que se dedica à venda de fertilizantes, sementes, ferramentas e máquinas agrícolas, teve de comprar da mão dos fornecedores produtos a preços elevados para apetrechar a loja e garante possuir produtos suficientes para atender os produtores.
De salientar que abertura oficial da Campanha Agrícola 2023-2024 teve lugar no município do Luquembo, Malanje, orientada pelo ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano. Neste ano agrícola, Malanje quer fazer diferencial na produção de arroz em grande escala, assim como o feijão, milho, batata-doce, ginguba, banana, pepino, cenoura e beterraba.