O director-geral da FertiAngola, António Bugalho, revelou ontem, Quarta-feira, ao Jornal OPAÍS que a referida unidade fabril ambiciona exportar fertilizantes para alguns países vizinhos, com destaque para a República Democrática do Congo e Zâmbia, através do Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB)
António Bugalho sublinhou que há perspectivas de se começar a exportar os produtos da unidade fabril da FertiAngola, a partir do Pólo de Desenvolvimento Industrial da Catumbela (PDIC), aproveitando a via-férrea do Corredor do Lobito. Sem dar uma margem de tempo para a execução do plano, o responsável garante que há capacidade para a FertiAngola explorar o mercado regional, bastando apenas que a circulação ferroviá- ria esteja completamente operacional nesse sentido.
António Bugalho avançou que a FertiAngola tenciona aumentar a capacidade de produção de 1.500 para três mil toneladas por mês, mesmo que a produção e exportação seja dependente da procura. “Poderemos nos adaptar com alguma facilidade, pois tudo de- pende da procura, sendo que há uma grande probabilidade de aumentarmos os turnos de trabalho, assim como como o capital humano devido ao aumento de produção que perspectivamos”, sustentou.
O responsável reforçou que os fertilizantes são um nicho de mercado para as empresas angolanas, já que o país tem potencial agrícola para duplicar o consumo destas matérias-primas. Relativamente à unidade fabril inaugurada no final de 2022, no Pólo da Catumbela, António Bugalho realça as linhas de ensacamento, explicando que todos os fertilizantes são importados a granel, para depois serem trans- formados em diferentes variedades.
“É uma unidade que não fabrica fertilizantes”, avançou, garantindo que há capacidade suficiente para transformar qualquer tipo de fertilizante, seja o NPK 12-24-12 ou outro, segundo as necessidades de cada agricultor, tendo em conta as características dos solos e do tipo de culturas. Bugalho considera que a FertiAngola se caracteriza por ser um player de referência no país, quanto ao fornecimento de produtos agro-pecuários, pest-control e equipamentos, privilegiando a proximidade com os clientes, na maioria agricultores.
A empresa em questão, segundo o responsável, é das poucas que produz blend no mercado nacional, o que lhe permite fornecer produtos de acordo com as necessidades dos consumidores. Relativamente ao sector, António Bugalho defende ser um dos principais na economia nacional e disse ter potencial para crescer, porque o mercado pode absorver anualmente entre 70 a 80 mil toneladas de fertilizantes.
“É um mercado de oportunidades. Se o sector for devidamente apoiado e desenvolvido, terá um impacto significativo na balança de pagamento de Angola, podendo baixar a dependência ao exterior neste mercado. Aliás, este é um segmento da economia que merece a atenção do Governo central e local”.
Por outro lado, “a fraca ou inexistência de produtos financeros para cobertura de riscos cambiais, mercado de derivados e outros instrumentos financeiros no mercado angolano impossibilita-nos mitigarmos o risco de exposição cambial”, realçou António Bugalho, fazendo referência às dificuldades que a FertiAngola tem enfrentado com a desvalorização cambial do kwanzas. Fundada há 17 anos, a FertiAngola é uma empresa de direito angolano vocacionada à produção e distribuição de insumos agrícolas. É a maior retalhista do mercado angolano. Está representa- da em 11 províncias, num total de 18 lojas, empregando 143 trabalhadores.
POR: Francisca Parente