O projecto de desenvolvimento das cadeias agrícolas em curso na província atribui à banana volumes de produção impressionantes, quando comparados com outras regiões do país.
O município de Cacongo, com uma superfície de 1.763 quilómetros quadrados e uma população estimada em 39.076 habitantes, é o maior produtor de banana ao nível da província com uma produção estimada em mais de 200 toneladas por semana, (com uma taxa de exportação de 80 por cento). Segue-se o município de Cabinda com uma média de produção de 18 toneladas por hectare, enquanto Buco-Zau e Belize representam 20 por cento da produção global da província de Cabinda.
“São médias que ao nível nacional já competem com as maiores províncias que produzem a banana”, disse o administrador municipal de Cabinda, Agostinho da Silva. Animados com a procura da banana e os ganhos obtidos, os produtores apostam, cada vez mais, na expansão das áreas de cultivo, permitindo o aumento da capacidade produtiva e atracção de maior volume de receitas, e melhorar a dieta alimentar das populações.
“O fomento da produção da banana também abre uma janela de oportunidades para o acesso ao emprego e estimula a presença do produto no mercado”, referiu Agostinho da Silva. Acrescentou que “a população de Cabinda já entende que a chave para a melhoria da qualidade de vida é o exercício da actividade agrícola e nós, como Governo, temos de apoiar de forma adequada e assistir essas famílias que estão a identificar a agricultura como a fonte principal dos seus recursos”.
O responsável do departamento da secretaria provincial da Agricultura e Pescas em Cabinda, Fernando Paca, disse que a prática do cultivo da banana em Cabinda continua a obedecer ao método tradicional, diferenciando-se apenas na forma de preparação das terras. “Devemos trabalhar na modernização da produção de banana e evitar as práticas tradicionais herdadas dos nossos antepassa- dos”, defendeu o agrónomo Fernando Paca, advertindo que “se insistirmos no sistema tradicional vamos criar um problema ambiental, porque ano após ano vamos devastando as florestas para a produção da banana.”
O primeiro sistema de cultivo, explicou, consiste na desmatação da floresta, derrube, queima e consequente instalação da cultura de banana. “Este primeiro sistema utiliza-se mais para a cultura da banana-pão, cujo período de duração do bananal raramente ultrapassa os cinco anos de vida útil.” O segundo sistema, acrescentou, é o chamado de agricultura de conservação, observando apenas a fase de desmatação e depois passa-se, directamente, para a instalação do bananal, isentando-se, assim, a fase das queimas.
30 mil famílias envolvidas
A capacidade de produção da banana em Cabinda está cifrada em 225 mil toneladas por ano, envolvendo cerca de 30 mil famílias. No primeiro semestre do corrente ano já foram produzidas cerca de 82 mil toneladas, enquanto em 2022 foram produzi- das 195 mil 277,29 toneladas com a participação de 25 mil famílias.
Uma ínfima parte da banana produzida em Cabinda reverte para o consumo interno, enquanto a maior fatia é exportada para os países vizinhos por falta de uma indústria transformadora e o reduzido consumo local. O aumento da capacidade de produção da banana ocorre numa altura em que o Executivo aposta no projecto de instalação de unidades de transformação do produto no município de Cacongo.
Para os produtores, a esperança reside agora na concretização do projecto no sector da Agricultura referente ao sistema da cadeia de valores que consiste na implementação de infra-estruturas de processamento da banana. “Se for materializado esse projecto será uma mais-valia, na medida em que o produtor nacional irá vender a banana ao preço real do mercado ao invés do estrangeiro ditar as regras no processo de comercialização.”