O administrador municipal da Ganda, Francisco prata, denuncia que algumas empresas, maior parte das quais estrangeiras, continuam a devastar o perímetro florestal local com o abate indiscriminado de árvores e, por isso, acena para o Ministério da Agricultura e Florestas
As autoridades, no município da Ganda, querem que se ponha um ‘travão’ no abate indiscriminado de árvores no perímetro florestal, no âmbito da exploração de madeira, e dizem que a espécie eucalipto é a que tem sido a mais prejudicada, de sorte que tenham sugerido a convergência de esforços de modo a inverter o actual cenário descrito como preocupante.
Em muitos casos, a Administração Municipal da Ganda tem-se manifestado incompetente para intervir, de modo a pôr cobro ao problema, porque a actuação/ interpelação, em termos de atribuição, é reservada ao Ministério da Agricultura e Florestas, limitando-se apenas a denunciar os factos aos microfones de jornalistas.
À pergunta feita por este jornal sobre a questão do abate e, consequente, repovoamento, o administrador municipal da Ganda, Francisco Prata, acenou para o ministério em causa a quem cabe resolver, definitivamente, o caso, porquanto alguns ostentam licenças emitidas por aquele departamento ministerial.
Enquanto as estruturas centrais não reagem, o governante sugere, no entanto, uma fórmula, ciente de que tal pode, em certa medida, mitigar o caso: “É necessário que todos nós, Administração, estrutura da Agricultura, trabalharmos no sentido de diminuirmos este garimpo”, sugere, denunciando a existência de exploradores que, valendo-se de alguma licença, tendem a ludibriar a população em zonas de exploração.
“Há garimpo em grande escala. Aqui passam camiões e levam tudo. Não é um simples popular que corta, eles vêm com alguns instrumentos para trabalhar. Pronto, a Administração vai trabalhando com as estruturas afins para ver se minimizamos isso”, promete. Até bem pouco tempo, a Ganda, a par do Huambo, era tida como a cidade do eucalipto, mas, de um tempo para cá, esse estatuto vem se perdendo em consequência daquilo a que as autoridades daquela circunscrição territorial chamam de ‘garimpo’ de madeira.
Regularmente, o Ministério da Agricultura e Florestas tem sido notificado sobre o quadro de abate desenfreado de árvores, uma vez que o garimpo está a destruir a flora e, até, a fauna do município. Conforme tinha noticiado este jornal, em 2022, há empresas, com as chinesas à cabeça, que abatem as árvores sem ter em conta a questão do repovoamento florestal. Fontes da Administração Municipal da Ganda reclamaram, porém, o facto de a riqueza da região não se reflectir positivamente na vida das comunidades onde se explora. As árvores são abatidas, colocadas em camiões e seguem viagem em direcção à capital do país, sem que haja contrapartida, em termos de investimentos, para a população local, num claro atropelo à lei, daí terem clamado por apoio de instâncias superiores – aludiram as nossas fontes, sob anonimato.
Entretanto, abordado pela imprensa a propósito do abate indiscriminado, no ano passado, o ministro da Agricultura e Florestas, António Assis, tinha sugerido que a forma de se acabar com problema indiscriminado em regiões como a Ganda era ter os cidadãos a denunciarem regularmente esse tipo de prática, por ser como que uma espécie de ‘missão impossível’ para o Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF) ter fiscal em tudo quanto é canto. “Até mesmo vocês, jornalistas, têm de denunciar sobre o que está a acontecer. Só unidos é que vamos combater essas práticas”, respondeu, na altura, aos jornalistas.
Há mais vida para lá da madeira
Distante do ‘estresse’ com os estrangeiros pela exploração desenfreada de madeira, está o projecto de plantação de fruteiras um pouco pelo município. Laranjeiras, tangerineiras, goiabeiras e mangueiras são, entre outras, culturas distribuídas a cooperativas, famílias e a unidades sanitárias que tenham decidido abraçar o projecto levado a cabo pela administração de Francisco Prata. Até à presente data, estão distribuídas 30 mil fruteiras, com o único objectivo de transformar a região em um centro de produção de frutas de Benguela. Francisco Prata, que projecta grandes safras com o projecto para daqui a mais ou menos dois a três anos, considera ser necessário investimentos nas vias de acesso para, num futuro próximo, escoar a produção do campo para a cidade, havendo uma necessidade de 600 quilómetros por intervencionar.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela