Trata-se de minerais como o cobre, crómio, cobalto, grafite, minério de ferro, chumbo, lítio, zinco e a prata, considerados estratégicos e identificados pelo Plano Nacional de Geologia (PLANAGEO), segundo o Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás (Mirempet), Constam ainda da lista o manganês, neodímio, praseodímio, níquel, titânio, terras raras, entre outros minerais considerados os mais críticos no mundo, tendo em conta a sua significativa contribuição para as cadeias produtivas, ou seja, a alta relevância para uma indústria que prima pela economia de baixo carbono.
Entre as aplicações industriais desses recursos naturais, destaca-se a utilização na fabricação de produtos tecnológicos como tele- móveis, baterias com alta capacidade, magnetos e dispositivos de alta tecnologia. De acordo com o consultor do Mirempet, Mankenda Ambroise, os minerais críticos são de valor estratégico que dominarão a indústria mineira, para que qualquer economia se mantenha saudável e segura.
Justificou que tais recursos estão presentes na composição das tecnologias limpas, com realce para os sectores dos transportes, energia, infra-estrutura digital e na chamada economia verde. Ainda no quadro do Dia do Mineiro, assinalado este sábado, fez saber que o sector procedeu, até à da- ta, à entrega de 558 títulos de concessão para projectos de minerais, com predominância para a prospecção e exploração de rochas ornamentais, diamantes, mármores, calcário e ouro.
Referiu que o ministério tem cata- logado 102 projectos de granitos, como rochas ornamentais, 78 de diamantes, 27 de mármore, seis de calcário, 11 de ouro, nove de quartzo, cinco de argila, oito de gesso e quatro de minério de ferro. O sector, frisou, continua com o desafio de diversificar a produção do vasto potencial de recursos minerais existentes no país, apostando, cada vez mais, na agregação de valores a esses recursos.
Após longos anos de dependência da exploração do petróleo e diamante, em grande escala, os operadores da mineração têm actualmente como foco a exploração sustentável de minerais críticos, através da atracção do investimento directo estrangeiro no país e utilização do conteúdo local.
De acordo com o ministério, a exploração desses recursos vai contribuir significativamente no crescimento da economia, criação de empregos e alargamento da base tributária angolana, para além de reforçar a matriz energética limpa.
A concretização desse desafio já começou a dar os primeiros sinais, com o anúncio da implementação de 11 projectos ligados à indústria mineira, para a exploração do ferro, ouro e o habitual diamante este ano, nos municípios do Chinguar, Chitembo, Andulo e Nhârea, na província do Bié. O facto foi anunciado, no decurso da semana, na cidade do Cuito, pelo director em exercício do gabinete de Desenvolvimento Económico e Integrado do Bié, João Amado, durante um workshop inserido nas celebrações da efeméride.
Os projectos estão em fase de instalação e permitirão explorar, pela primeira vez, o ouro, no Chinguar, e o ferro, no Andulo. Outro exemplo quanto aos recursos estratégicos vem da província do Cuando Cubango, onde a Companhia Siderúrgica do Cuchi (CSC) produziu 20 mil toneladas de ferro gusa, de Dezembro de 2023 a Abril deste ano.
Esse produto começou a ser transportado este mês para o Porto do Namibe, onde vai ser exportado no início de Maio, prevendo-se arrecadar uma receita de mais de 18 milhões de dólares norte-americanos. Segundo o director-geral da CSC, Wilton de Oliveira, a companhia está a finalizar o carregamento para o segundo navio. O primeiro carregamento foi efectuado em 2023, com 19 mil 400 toneladas, que renderam, igual- mente, 18 milhões de dólares.
A meta é atingir, doravante, uma produção de 20 mil toneladas por cada três meses, para garantir o carregamento e a exportação de um navio, cujo destino é o mercado mundial.
Efeméride
Sob o lema “A evolução e perspectivas da actividade mineira em Angola”, a jornada técnico-científica alusiva ao 39.º aniversário do Dia do Trabalhador Mineiro abarcou a realização de vários eventos, com destaque para a gala de entrega do Prémio Catoca de Jornalismo (2.ª edição), workshop sobre mineração, exposição artística e visitas em minas diamantíferas. Constou igualmente do leque das actividades, o lançamento do livro intitulado “Direito Mineiro”, de autoria do docente universitário Eduardo Simba, bem como actos desportivos, nomeadamente o Grande Prémio Mineiro de Ciclismo, torneios de futsal e xadrez, para além da vertente cultural e recreativa.
As jornadas, iniciadas no dia 15 deste mês, em Luanda, encerraram este sábado (27), com a entrega de troféus aos vencedores das provas de ciclismo, futsal e xadrez. Dados oficiais estimam que o sector mineiro angolano conta com 28 mil trabalhadores, dos quais 10% são mulheres, ou seja, em cada 100 homens na indústria mineira há pelo menos 10 mulheres.
O Dia do Trabalhador Mineiro foi institucionalizado a 27 de Abril de 1985, com objectivo de homenagear os funcionários deste segmento da economia nacional, tendo em conta o seu desempenho e contribuição em prol do desenvolvimento económico e social do país.