A ineficiência do investimento público faz com que o Estado precise sempre de mais dinheiro para materializar projectos, segundo relatório do CINVESTEC
A falta de qualidade nos investimentos públicos faz com que o Estado acabe por precisar cada vez mais de dinheiro para dar vazão aos seus projectos, aponta o mais recente relatório do Centro de Investigação Económica da Universidade Lusíada Angola (CINVESTEC), referente ao primeiro trimestre.
O Estado ainda é o ente que domina os pedidos e recebimentos de créditos, uma realidade que leva a que os privados sejam colocados no segundo plano, de acordo com o documento.
No relatório apresentado ontem, em Luanda, aos jornalistas, os economistas do CINVESTEC revelaram que os privados disputam 50% do total da carteira de crédito dos bancos, o que não resolve o problema, já que o Estado se depara com a ineficiência do investimento público.
Assim, o CINVESTEC recomenda que o Estado avance para o incentivo ao crédito à produção, ao mesmo tempo que trate de desincentivar o crédito ao consumo.
Além destes, os economistas recomendaram o avanço para incentivos em kwanzas, para fazer frente ao dólar, e reduzir a apetência do mercado pelos dólares.
Mas estas recomendações não substituem a necessidade de, segundo o economista Bernardo Vaz, avançar para o corte da despesa supérflua, aumento do controlo, punição dos prevaricadores e , sobretudo, melhoria da capacidade dos recursos humanos.
Saldos orçamentais não reflectem situação real Questionados sobre o contrassenso entre um superavit recente e a falta de dólares que se registou logo a seguir ao excedente, os investigadores do CINVESTEC afirmam que os saldos orçamentais que têm sido apresentados não refletem a situação real em que nos encontramos.
A título de exemplo, o economista Heitor de Carvalho falou sobre a questão dos subsídios aos combustíveis, que, referiu, não constam das contas apresentadas no último documento que deu conta do superavit de 4,1 biliões de kwanzas.
Pelo que, e para evitar falsas expectativas, as demonstrações do Estado devem conter toda a informação com todos os subsídios e apoios públicos.
O também responsável do CINVESTEC diz que é necessário mais claridade na execução orçamental, ao contrário do que acontece actualmente, havendo uma maior preocupação com o OGE.
“O OGE é um documento de previsão e o que mais interessa é efectivamente o que se executa”, explicou.
Por: Ladislau Francisco