A visão é do economista Yuri Quixina, para quem o petróleo ainda será, por algum tempo, o sustentáculo da economia nacional. Defende ainda que é necessário arrumar-se a micro-economia.
POR: Patrícia de Oliveira
Na análise que se impõe à economia nacional em 2017 e na sua projecção para o próximo ano, o economista Yuri Quixina mostrase reservado em relação ao crescimento uma vez que o Estado ainda tem muito peso neste sector fulcral. “O Orçamento Geral do Estado (OGE), cujo barril de petróleo está estimado em USD 50, mostra que ainda estaremos muito dependentes deste produto. Na minha perspectiva ainda teremos uma incerteza enorme e, provavelmente, ainda vamos continuar a depender do petróleo, uma vez que as bases para o crescimento ainda não foram lançadas”, afirmou.
O Fundo Monetário Internacional prevê um crescimento de 1,5% da economia angolana em 2018, quando as previsões do Executivo apontam para 4,9%, assim como um OGE com despesas e receitas de 9,6 biliões de Kwanzas. Para Yuri Quixina, é necessário arrumar a “bagunça” da micro-economia para que possamos ter um sistema económico melhor, comparativamente ao actual. O economista afirma que os programas lançados estão mais virados para o curto prazo (consumo imediato), e não para o longo prazo. “Temos mais incertezas do que certezas”, reiterou. Referi que tudo começa e termina no orçamento, sendo este, no seu ponto de vista, o problema de Angola.
Quando questionado sobre os resultados do processo de alavancagem económica, baseado no relançamento da indústria e no fomento agrícola, Yuri Quixina defende que “ é preciso termos custos de produção mais baixos que os actuais”. Afirma que as políticas do Estado não estão muito viradas para a indústria e para agricultura, respectivamente, pelo que não acredita no crescimento destes dois sectores, eleitos como base no processo de diversificação económica. “Não podemos desenvolver o sector industrial com uma economia fechada. Este sector depende muito da transferência de conhecimentos. É uma agenda bastante estruturada em termos de conhecimentos que nós ainda não temos”, disse.
Quanto aos investimentos no sector energético, o economista é de opinião que só trarão resultados com a entrada no negócio de privados, pois garantem lucros, referindo mesmo que com um excesso de carga pública não se vai a lado nenhum. “Há muito boas intenções por parte da equipa económica e dos próprios altos responsáveis do aparelho do Estado. Entretanto, precisamos é de resultados”, disse. Yuri Quixina defende ser hora de se retirar o peso do Estado na economia, avançando mesmo 2018 como ano para se dar início a este processo que, segundo o economista, dará outro alento ao desenvolvimento do país.
“O Estado deve estar focado nas suas actividades sociais, pois não precisa de se preocupar com a criação de empresas, onde gasta enormes quantias de dinheiro. Devia prestar mais atenção à Saúde e à Educação”, realçou, acrescentando que os níveis de escolaridade da população influência muito no desenvolvimento económico. Acrescenta que, se o Estado continuar a fazer tudo não vai explorar o talento das pessoas, uma vez que só se explorar com liberdade e não com barreiras.