Cabinda pela sua característica única de descontinuidade com o resto do território nacional carece de medidas e acções especiais para a criação de conforto e bem-estar. Agora é a vez de o Governo ter decido levar a electricidade ao enclave usando o fundo do mar
O Executivo Angolano decidiu levar energia eléctrica à província de Cabinda estabelecendo uma ligação submarina entre aquela província mais setentrional de Angola e o petrolífero município do Soyo na província do Zaire. Em decisão tornada pública recentemente por via do Boletim Oficial do Governo, datado de 30 de Dezembro, o Governo Central decidiu iniciar obras capazes de transportar energia a Cabinda através da Rede Nacional de Transporte (RNT).
A decisão também tem na mira desenvencilhar-se dos “altos preços dos combustíveis”, pelo que urge a necessidade de fazer abastecimento a Cabinda, a partir da RNT, através de uma conexão submarina de Corrente Alternada de Alta Tensão (CAAT), a fim de minimizar a dependência do gás e do diesel. Outro obectivo é de carácter ambiental, pois diminuir a queima de combustíveis fósseis, para a geração de electricidade, para além de reduzir custos de combustível a curto e longo prazo, é consequentemente também diminuir as emissões de gases com efeito de estufa.
Três lotes
Assim, o Presidente da República autoriza a despesa e formaliza a abertura do Concurso Limitado por Prévia Qualificação para o projecto de concepção, construção e fornecimento de energia eléctrica à província de Cabinda, a partir do município do Soyo, através de cabo submarino de alta tensão, uma empreitada a ser subdividida em três lotes. O primeiro lote é o dos Trabalhos Submarinos, com construção de dois circuitos de Corrente Alternada de Alta Tensão (CAAT) de 220 kV, cada um composto de cabo submarino de três condutores de cobre, com cabo de fibra óptica integrados, do Soyo até à província de Cabinda, colocados numa vala sob o leito do mar, com a profundidade de 1-2 m, a considerar os limites de fronteira marítima de Angola e da República Democrática do Congo e com uma extensão de cada circuito estimada em 120 km.
O segundo lote é o dos Trabalhos Terrestres no Soyo, com expansão da subestação isolada a Ar de 400/60 kV do Soyo existente, através da adição de sistema de 220 kV, reactores de linha, painéis de linha e de transformadores, sistemas secundários e todas as obras civis necessárias, assim como duas linhas aéreas de circuito simples de 220 kV no Soyo, de aproximadamente 10 km, cabos terrestres e transições entre cabos terrestres e submarinos. O último lote é o dos trabalhos terrestres na província de Cabinda, construção da nova subestação isolada a Ar de 220/60 kV, reactores de linha, painéis de linha e de transformadores, sistemas secundários e todas as obras civis necessárias, duas linhas aéreas de circuito de 220 kV em Cabinda, de aproximadamente 10 km cada, dentre outras para assegurar a conexão a nova subestação eléctrica de 60/30 kV de Malembo.
Ao ministro da Energia e Águas está delegada a competência para aprovação das peças do procedimento concursal, nomeação da Comissão de Avaliação, verificação da validade e legalidade de todos os actos praticados, no âmbito do referido procedimento, enquanto o Ministério das Finanças deve assegurar os recursos financeiros necessários para a implementação dos referidos contratos. Com a planeada chegada de energia eléctrica ao enclave de Cabinda fica completo o plano de extensão da electricidade com fontes sustentáveis e menos poluentes na totalidade do território nacional, equacionadas que foram as soluções para levar o mesmo serviço ao Leste de Angola, às províncias do Namibe e Cunene, assim como as terras do Quando Cubango.
As regiões Norte, Sul e Centro já estão interligadas por via de ex- tensão de ramais transportadores da RNT que recebem a produção cujo coração do sistema gerido pela PRODEL esta assente no Médio Kuanza, situado entre as províncias de Malange e Cuanza Norte, onde se encontra os maiores gigantes de produção energética: Laúca, Cambambe e Capanda. Em construção está aquela que virá a tornar-se a maior central de produção eléctrica, o Aproveitamento Hidroeléctrico de Caculo- Cabaça, no leito do maior rio nacional. O Aproveitamento Hidro- eléctrico de Caculo-Cabaça está a ser erguido no território da província do Cuanza Norte, mas precisamente no município de Cambambe.