O empresário do ramo agro-industrial, António Noé, é de opinião que a criação de um fundo de emergência destinado, especificamente, a apoiar a produção de feijão poderia inverter o cenário de exportação de grande parte do grão para a República Democrática do Congo (RDC), isso de modo a evitar o encarecimento do produto no mercado.
O produtor antevê, para os próximos meses, a subida vertiginosa do preço do feijão, tendo elencado, de entre outros factores, a falta de apoio, obrigando determinados produtores a optar por vender a empresários da RDC.
A isso, associa-se também a questão relativa às fortes chuvas deste ano, que arrasaram grandes safras. Com a época de produção de feijão às portas, já a partir de 15 de Maio, António Noé lança receios do que pode vir a ser o comportamento do mercado no que se refere ao preço do produto.
Os factores a que indicou concorrem para que, nos próximos tempos, se compre o quilograma a grão a 2000 ou 3000 kwanzas, daí ter sugerido ao Ministério da Agricultura a criação de um fundo cujo objectivo fosse, especificamente, o de apoiar a quem se dedica à produção daquele tipo de cultura.
Ele teme que, assim como o preço do feijão, outros produtos de maior consumo, com destaque para o milho, venham também a aumentar no mercado. Conforme o produtor, actualmente, o maior problema reside, fundamentalmente, na falta de comprador de produtos.
“O frango depende do milho, outros animais também dependem do milho. Porque, se houver esse incentivo, e disserem que vocês, no Dombe Grande, devem produzir milho para apoiar o país, todo mundo iria produzir”, sustenta.
E lamenta: “Também as próprias regiões estão inundadas. Vamos para o Dombe-Grande, que é um vale muito maior em termos de produção, algumas zonas hoje estão cheias de água. Isso também vai reduzir as áreas de produção. E o preço também vai aumentar. Até Dezembro, pode atingir 2000 a 3000 kwanzas”, antevê o produtor.
António Noé prevê abrir a primeira fábrica de processamento de sementes de cebola, cenoura, tomate, pimenta, pepino, repolho, beringela, entre outras hortícolas, com uma capacidade de produção instalada na ordem das 20 toneladas por dia. Sustenta que o cenário que antevê pode ser contraposto por via da criação do fundo emergencial a que fez referência.
Sem desprimor para o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário (FADA), acredita que o fundo emergencial poria travão à saída de grande parte da produção de feijão para a RDC, quando o mercado interno ainda não se sente sustentável nesse quesito.
“Um fundo que não olhe para a burocracia. Estás a produzir e a sua obrigação é mesmo produzir o feijão ou milho para contrapor a situação do país. Então seria bom que o Estado criasse de emergência”, pede, ao referir ser necessário inverter cenários burocráticos reinantes em muitas entidades bancárias.
Por: Constantino Eduardo, em Benguela