A empresa Jardins da Yoba, de direito angolano e vocacionada para a realização de estudos tendentes à melhoria de sementes de diversos cereais, com destaque para o milho, trigo, arroz e feijão, está a trabalhar no sentido de produzir sementes que venham a substituir as culturas tradicionais no sul de Angola.
A ideia é substituir a produção de sementes tradicionais, como o massango e a massambala, que até então constitui o forte das famílias camponesas em algumas partes das províncias da Huíla, Namibe e Cunene.
Depois de estudos feitos pela empresa Jardins da Yoba, nos solos da província do Cunene, onde as culturas proeminentes são massango e a massambala, a referida empresa já começou a fazer a colheita de milho para a semente e a sua consequente distribuição aos camponeses de todo o país.
Nuno Nandjele, técnico de melhoramento e produção de sementes da referida empresa, disse que a semente de milho do tipo Sveta XG teve uma melhor adaptação ao solo e ao clima da província do Cunene, o que leva a acreditar numa produção de sucesso, depois de distribuída aos homens do campo.
“Esta é uma semente que vem sendo trabalhada há quatro anos, desde os campos de ensaio no município da Humpata, testamos em vários ambientes e um deles é o Cunene, tivemos resultados promissores e satisfatórios durante todo o processo da semente, levamos quatro anos até chegar a este nível de satisfação, por isso, continuamos a trabalhar no melhoramento de diversas sementes”, explicou.
Por outro lado, o também engenheiro agrónomo, disse que a semente foi desenvolvida para aguentar ao estresse hídrico, pragas e outras situações ambientais.
Mais de 9 mil toneladas de sementes diversas serão colhidas este ano
A operar nas províncias de Malanje, Benguela, Cuanza Sul e Huíla, a empresa Jardins da Yoba desafia-se a ser o maior fornecedor de sementes e responder às exigências do Governo angolano, viradas para a redução das importações, com o aumento e diversificação da produção nacional.
Para além da produção de sementes de batata-rena, faz parte do seu foco a produção de trigo e arroz, que aos poucos vai ganhando corpo na província da Huíla. O milho, nas suas diferentes variedades, continua a ser o rei nos campos de ensaio.
Na província do Cunene, vão ser colhidas 2 mil 500 toneladas, cultivadas na primeira fase da época agrícola 2024/2025. André de Oliveira, director de operações e logística, disse que a ideia é produzir e colher mais de 9 mil toneladas de sementes diversas, e dotar os camponeses nacionais de capacidade para produzir o milho, ao menos duas vezes ao ano.
“Estamos com resultados surpreendentes, visto que é a primeira cultura que nós tivemos neste campo, houve a desmatação e, de seguida, o processo da sementeira.
Nesta altura, a média de colheita anda em torno de cinco toneladas por hectar, e nós estamos numa zona de produção composta por 33 hectares, o que nos deixa bastante expectantes”, afirmou.
O responsável pela logística e operações informou ainda que a produção de semente de soja, trigo e arroz está a apresentar resultados animadores, o que pode elevar ainda mais os níveis de produção, com vista a atender as necessidades do mercado agrícola nacional.
“Nós, no cômputo geral, estamos a trabalhar na melhoria de diversas sementes, com realce para o milho, massango, soja, arroz e trigo. A cada ano vamos nos desafiando, se há quatro anos nós andávamos à volta das 400 toneladas, hoje estamos a falar de 9 mil toneladas que serão colocadas à disposição dos camponeses de todo o país. Por agora, estamos simplesmente em Angola, mas a nossa meta é atingir a África Austral”, perspectivou.
Por outro lado, o nosso interlocutor explicou que faz parte de um dos objectivos da empresa que representa produzir sementes que se adaptem às condições técnicas e climáticas de todos os camponeses, sobretudo os agricultores familiares, que garantem quase 90 por cento da produção familiar. Por isso, destaque à importância da parceria com o Ministério da Agricultura e Florestas, através dos seus diversos programas.
“O nosso principal promotor é o Ministério da Agricultura e Florestas, que, por via dos seus programas e projectos, vai fazendo chegar as nossas sementes aos camponeses, por via do Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA) e das diversas Estações de Desenvolvimento Agrário (EDA)”, rema.
Por: João Katombela, na Huíla