O desenvolvimento de novos campos petrolíferos, o crescimento do sector da energia e a evolução positiva esperada de sectores como a agricultura, o comércio, a mineração e mesmo a indústria, com o arranque de novas unidades, fundamentam a previsão de que a economia irá crescer 4,9% no próximo ano.
POR: Luís Faria
A economia angolana irá crescer 4,9% no próximo ano de acordo com o projectado no Orçamento Geral do Estado (OGE) 2018, uma meta tanto mais ambiciosa quanto a de 2,1% fixada para este ano é revista em baixa, estimando-se agora que a economia cresça 1,1% em 2017.
O impulso esperado na evolução do produto interno, reflecte o crescimento projectado do PIB petrolífero em 3,1% (6,1% quando se inclui a produção de gás natural) e do não petrolífero em 4,4%. Embora o relatório de fundamentação do OGE 2018 reveja em baixa a produção petrolífera prevista para este ano (excluindo o LNG), que passa dos 664,68 milhões de barris estimados no OGE 2017 para 449,7 milhões de barris, projecta-se que, em 2018, se atinja uma produção de 620 milhões de barris de petróleo bruto.
É que, após se admitir o ‘declínio da produção nos próximos anos’, adianta-se no relatório que o Executivo já contemplou um conjunto de medidas com vista a atenuar a queda do volume de produção através do ‘controlo dos factores de risco’ e o desenvolvimento de novos campos, medidas essas que terão como impacto a produção média diária para perto de 1,7 milhões de barris por dia, um ganho considerável em relação à estimada produção de 1,647 milhões de barris por dia este ano, menos 147,2 mil barris do que inicialmente orçamentado.
O foco será colocado em 6 blocos petrolíferos e o cumprimento da meta fixada à produção em 2018 dependerá sobretudo da segunda fase do projecto Zínia, das terceira e quarta fases do Dália, das duas primeiras fases do CLOV e ainda dos projectos Bavuca Sul e Clochas Sul. O preço médio do barril de petróleo bruto subjacente à elaboração é de USD 50 por barril, reflectindo uma perspectiva prudente que tem em conta a incerteza e volatilidade do mercado e a informação disponível, situando-se bastante abaixo das previsões que apontam para um preço médio do barril na ordem de USD 70, face à evolução da procura mundial e ao corte na produção operado pela OPEP e outros 10 países produtores aliados.
Também o sector não petrolífero contribuirá, em 2018, para o aumento do ritmo de crescimento da economia, evoluindo muito mais favoravelmente que este ano, saltando a taxa de crescimento do PIB não petrolífero dos 1,9% estimados para 2017 (2,3% no OGE para este ano) para 4,4 %. O sector da energia será o principal protagonista da evolução da economia não petrolífera, com uma taxa de crescimento estimada de 60,6%, com a entrada em operação das turbinas a vapor da Central de Ciclo Combinado do Soyo e do Aproveitamento Hidroeléctrico de Laúca, com duas turbinas, de 330 megawatts cada.
Agricultura (com um crescimento estimado de 5,9%), serviços mercantis (com o ‘ligeiro’ aumento esperado das importações e o acréscimo no número de passageiros transportados e volume de carga manuseada e transportada a apontar para um crescimento de 4,3%), construção (que se estima cresça a uma taxa de 3,1%), mineração (onde a produção da mina de Luaxe, a exploração de ferro gusa e o aumento de exploração de rochas ornamentais deverão garantir uma taxa de crescimento de 4,4%) e indústria transformadora (com a entrada em funcionamento de 18 novas unidades fabris no corrente ano a fundamentar, em parte, uma expectativa de evolução de 1,8%) são os sectores que sustentarão o desempenho do sector não petrolífero.