O crescimento da dívida de entidades relacionadas com o Governo e do crédito das empresas públicas coloca em risco os investimentos estrangeiro e o financiamento à economia. A declaração é de Ana Cristina de Sousa, consultora empresarial e contabilista
POR: Hélder Caculo
O financiamento das empresas com garantia do Estado influência cada vez mais a avaliação dos “rating” de países emergentes, como é o caso de Angola. A afirmação é de Ana Cristina de Sousa, contabilista e consultora empresarial. A especialista fez esta declarações recentemente, em Luanda, quando ministrava uma palestra subordinada ao tema “Financiamento das Empresas Públicas”, num dos auditórios da Universidade Privada de Angola (UPRA). Segundo a consultora, quanto mais dívidas as empresas públicas contraem, mais o Estado cria dívidas, o que condiciona os investimentos estrangeiros no país. Ana Cristina de Sousa referiu que um medida a ser tomada para a redução do nível de dívidas das empresas públicas passa por uma gestão mais autónoma, actuante e transparente dos gestores públicos.
“Uma empresa pública deve ter o costume de apresentar os seus relatórios e contas, de modos a ter uma gestão mais transparente. As dívidas contraídas pelas empresas públicas espelham o nível de prestação de contas das mesmas”, disse. O grande crescimento da dívida de entidades relacionadas com o Governo e do crédito das empresas públicas coloca em risco os investimentos estrangeiros e o financiamento à economia. “Há cada vez mais necessidade de haver credibilidade na prestação de contas para que o relato financeiro seja uma imagem verdadeira e apropriada da organização”, disse. Por outro lado, a especialista disse que a banca angolana ainda tem limitações para concessão de financiamento às empresas públicas.
O que é o “Rating”
Rating é uma nota que as agências internacionais de classificação de risco de crédito atribuem a um emissor (país, empresa, banco) de acordo com sua capacidade de pagar uma dívida. Serve para que investidores saibam o grau de risco dos títulos de dívida que estão adquirindo. Em geral, são três grandes níveis: grau de investimento (país seguro de investir), grau especulativo (risco de inadimplência) e default (quando o país declara moratória). As principais agências no mundo são a Standard & Poor’s (S&P), a Fitch e a Moody’s, que levam em conta indicadores como gastos do Governo, dívida externa e política monetária. Essas notas influenciam decisões de investimentos no mercado internacional e a tendência é que, ao receber a classificação, o país atraia mais recursos estrangeiros. Além disso, cai o custo do Governo e até mesmo o de empresas privadas para captar recursos no exterior.