Este ano, a conferência internacional teve uma homenagem especial ao Dr. António Agostinho Neto, Fundador da Nação e primeiro Presidente de Angola, reflectindo o seu contributo histórico para a construção da identidade angolana. Além de enaltecer a herança cultural angolana, o evento reforçou a importância de Áfricano cenário global, com a mensagem “O que nos move, move o mundo”.
A MOVE ANGOLA 2024 destaca o papel central do continente africano no desenvolvimento mundial e promove uma sociedade mais inclusiva, baseada na inovação e na liderança transformadora. Durante o evento, o mentor do projecto, Dardano Santos, destacou que o sucesso da conferência não é resultado de um esforço recente, mas, sim, de uma década de dedicação e compromisso.
A primeira edição da Move ocorreu em 2014 e, desde então, a organização tem vindo a percorrer um longo caminho, sempre focada em servir a comunidade e impulsionar o desenvolvimento da juventude e da liderança em Angola.
“Esta conferência é fruto de um trabalho que começou em 2014 e que tem como objectivo maior a criação de um movimento que sirva de agente transformador. Estamos aqui a cumprir um propósito, e este propósito só é alcançado através do serviço”, declarou Dardano, enfatizando que a liderança no século XXI está profundamente ligada ao serviço ao próximo.
O evento, que decorreu no Centro de Conferências de Belas (CCB), contou com a presença de cerca de 3 mil pessoas, incluindo executivos, presidentes, administradores e, em particular, uma geração jovem interessada em fazer a diferença na sociedade.
“Temos aqui um verdadeiro encontro geracional. Estão presentes jovens de várias idades e classes sociais, o que demonstra a força da união e da diversidade”, afirmou Dardano Santos, sublinhando o papel da juventude como motor da mudança no país.
A conferência abordou temas de extrema relevância para o futuro, começando com a palestra de Lilhan Barbosa, que trouxe uma perspectiva futurista sobre o mundo em 2030. O programa incluiu ainda oradores como Isabel Fernandes, que discutiu o poder das marcas, e Vinâncio Vicente, que reflectiu sobre as raízes culturais.
A agenda do evento também reservou espaço para networking e interacção entre os participantes, permitindo o fortalecimento de laços e a troca de experiências. O encerramento ficou a cargo de Vuzi, um orador vindo de Joanesburgo, que abordou a importância da liderança no presente. A conferência também homenageou o legado de Agostinho Neto, fundador da nação angolana, destacando a importância de honrar os antepassados para construir um futuro mais próspero.
Lideranças do futuro
Dardano Santos sublinhou a relevância de reconhecer as conquistas do passado como inspiração para os desafios do presente. Lilhan Barbosa, docente universitária, destacou recentemente que o mundo está a entrar num “novo momento”, que ela descreve como o surgimento de um “novo humano”. Segundo Barbosa, essa nova era será caracterizada por uma compreensão mais profunda da interdependência entre todas as formas de vida.
As lideranças do futuro terão de desenvolver estratégias para enfrentar desafios globais, adoptando um perfil mais humano e sustentável. A sustentabilidade, de acordo com Lilhan Barbosa, será a base das decisões que moldarão o futuro das carreiras e da economia. Enfatiza que, até 2030, o mundo enfrentará grandes impactos, como o estresse hídrico, devido ao uso excessivo de recursos.
“Nosso modelo actual de desenvolvimento não foi preparado para essas questões”, afirmou, acrescentando que o conceito de hierarquização do homem acima do planeta está a ser profundamente questionado.
A oradora também explicou que essa mudança não se restringe apenas à economia, mas envolve uma reconexão entre ciência e espiritualidade, com um foco maior no consumo consciente. Destacou que, desde o início dos anos 2000, tem surgido um novo tipo de líder, mais consciente e global.
Entre eles, a geração Z, composta por jovens nascidos entre 1995 e 2010, que serão a maior força de trabalho em 2030. “Eles são mais autónomos, querem resultados e alinhamse com valores éticos”, afirmou, destacando que essa geração só permanece em trabalhos onde seus princípios são respeitados.
Outro ponto central do discurso de Barbosa foi o impacto da tecnologia. Até 2030, prevê-se a venda de 125 milhões de carros eléctricos, impulsionada pela queda no custo das baterias. Contudo, a tecnologia também tem o seu custo ambiental.
Segundo dados apresentados no evento, um simples e-mail de 100 palavras consome o equivalente à meia garrafa de água. Em 2030, o uso de inteligência artificial poderá gerar um consumo de água superior ao da população anual do Reino Unido.
POR:Francisca Parente