Com o sector da indústria clamando por mais energia para tornar as fábricas operacionais, o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, reiterou a aposta do Executivo na electrificação do país. José Severino, presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), sugere a construção de barragens além do rio Cuanza, apontado o caso do rio Keve
POR: Patrícia de Oliveira
O desenvolvimento do país depende, em grande medida, do fornecimento de energia eléctrica e de água. No entanto, o seu abastecimento ainda é feito com muitas restrições, condicionando vários sectores, com realce para o da indústria. O ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, assegurou que estão a ser realizados trabalhos de extensão de cabos de alta tensão na barragem hidroelétrica de Laúca, na província do Cuanza Norte, para o centrosul, onde está concentrado o segundo maior parque industrial do país. “As industrias reclamam pelo aumento da capacidade de fornecimento de energia. Temos o caso concreto do município do Tômbwa, província do Namibe, onde os industriais reclamam pelo aumento de fornecimento de energia.
E estamos a trabalhar para garantir esse reforço”, revelou. Sobre o assunto, o presidente da Associação das Indústrias de Angola (AIA), José Severino, advoga que a energia é fundamental para a autossuficiência industrial e o fomento da agricultura, realçando que os referidos sectores recorrem a geradores (fontes alternativas) e a centrais térmicas que consomem quantidades enormes de gasóleo, o que torna os produtos menos competitivos. Para o representante da AIA, o governo, por razões sociais, priorizou o abastecimento público, que teve efeitos perversos na área económica, particularmente para a indústria, agricultura e pescas. Neste momento produz-se mais energia que a rede de distribuição não consegue levar aos consumidores distribuidores, tendo em conta o custo de transportação. “Saudamos esta reorientação, mas continuamos a apresentar preocupações, sendo a primeira a produção de energia, já que ela está concentrada no rio Cuanza.
Devemos começar a preparar, através do Programa de Investimentos Públicos, barragens de proximidade, com destaque para a barragem sobre o rio Keve, na província do Cuanza Sul”, exemplificou. Em seu entender, as linhas de transporte de energia estão muito distantes, com muito elevados custos de construção e de manutenção, e grandes riscos incluídos, acrescentando que em caso de acidentes, podem inviabilizar o fornecimento ao país inteiro. As chuvas e as avarias técnicas, segundo José Severino, são factores que podem perigar o abastecimento de energia. “ O que nós já propusemos, no âmbito do PRODESI, é que se faça uma conferência internacional para angariação de investimento privado, estrangeiro e nacional, para suprir as nossas insuficiências ao abrigo da alteração da lei de investimento privado que a AIA conseguiu, eliminando a obrigatoriedade de um investimento nacional com menos de 35% de capital”, disse. A prioridade é diversificar a energia, sobretudo ao longo da costa, com centrais hídricas e de gás, sobretudo nos centros pesqueiros de Benguela e do Namibe.