Desse montante, de acordo com o relatório, 81,2% corresponde ao endividamento do sector privado (empresas privadas e particulares) e 18,8% ao sector público (administração pública e empresas públicas).
O stock de crédito à economia em moeda nacional foi de 5,5 biliões de kwanzas, reflectindo um incremento de 908,7 mil milhões de kwanzas em comparação com Dezembro do ano passado.
O endividamento do sector público não financeiro totalizou 1 558,6 mil milhões de kwanzas, dos quais 78,7% foram direccionados à administração pública e 21,3% às empresas públicas, com um crescimento de 889,1 mil milhões de kwanzas face ao período homólogo.
O endividamento das empresas privadas e particulares subiu 26,6%, passando de 5,3 biliões de kwanzas em Outubro de 2023 para 6,7 biliões de kwanzas no mesmo mês deste ano.
Dentro deste segmento, conforme os dados do BNA, o endividamento das empresas privadas foi de 5,3 biliões de kwanzas, um acréscimo de 1 387,2 mil milhões de kwanzas (35,1%), enquanto o endividamento dos particulares cresceu apenas 1,8%, totalizando 1,4 biliões de kwanzas.
O crédito direcionado ao Sector Real da Economia também apresentou resultados positivos, somando 1,54 biliões de kwanzas, um aumento de 304,42 mil milhões de kwanzas (24,7%) face ao ano anterior.
Este crescimento foi impulsionado principalmente pelas Indústrias Extractivas, que registaram um aumento de 183,32 mil milhões de kwanzas (60,2%).
No âmbito do Aviso n.º 10/2022 do Banco Nacional de Angola (BNA), o crédito para o fomento do Sector Real alcançou 1,05 biliões de kwanzas, representando 68,25% do total de crédito destinado ao sector e 14,12% da carteira de crédito bruto do sistema bancário.
Em termos de subsectores, destacaram-se as Indústrias Transformadoras, com 724,18 mil milhões de kwanzas (47,12%), seguidas pelas Indústrias Extractivas, com 487,85 mil milhões de kwanzas (31,74%), e pela Agricultura, Produção Animal, Caça, Floresta e Pesca, com 324,81 mil milhões de kwanzas (21,13%).
O crescimento do crédito demonstra uma recuperação e dinamização na concessão de recursos aos sectores estratégicos da economia angolana, sobretudo no fomento da produção local e industrialização.
Crescimento do crédito impulsiona diversificação económica
Em reacção, o economista Eduardo Manuel destaca que o aumento de 38,5% no crédito bruto ao sector não financeiro tem gerado impactos positivos para o dinamismo económico do país, com investimentos notáveis em sectores estratégicos como saúde, agricultura, energias, águas e transportes.
“Esses sectores são essenciais para a diversificação da economia angolana”, afirmou. Segundo o economista, esse crescimento reflete tanto uma melhoria no acesso ao crédito, resultado das medidas implementadas pelo governo na gestão da dívida, quanto uma maior necessidade de financiamento devido aos desafios económicos que o país enfrenta.
“A urgência em diversificar a economia para reduzir a dependência do petróleo é evidente, especialmente considerando os compromissos futuros com a SADC, a União Africana, e o impacto de conflitos internacionais, como o entre a Rússia e a Ucrânia, que reforçam a necessidade de produzir internamente e investir em infraestruturas.”
No que diz respeito ao aumento do endividamento das empresas privadas, Eduardo Manuel aponta que essa é uma estratégia de sobrevivência no actual cenário económico.
No entanto, alerta para a importância da sustentabilidade a médio e longo prazo, que dependerá da gestão eficiente das empresas e das políticas públicas adoptadas pelo Governo.
“Medidas como a redução das taxas de inflação e a estabilização cambial são cruciais para melhorar o poder de compra da população e fortalecer a capacidade das empresas, impulsionando a recupe…
Por: Francisca Parente