Yuri Chipuio, que é igualmente presidente da Associação dos Profissionais Agrários, Florestais, Zoo- técnicos, Agro- Economistas e Agro-Alimentares, vê no Corredor do Lobito uma oportunidade para alavancar o sector agroindustrial.
O projecto, que vem recebendo financiamento dos Estados Unidos da América (EUA), atravessa as províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico e tem potencial para desenvolver a produção de grãos, frutas e hortícolas. “O Corredor do Lobito poderá criar postos de trabalho em consultoria, logística e produção agrícola.
Temos profissionais capacitados em matérias como cadeia de valor e controle de qualidade, que podem contribuir para o sucesso do projecto”, disse o agrónomo. Chipuio enfatizou a necessidade de maior envolvimento de especialistas angolanos na definição e implementação de políticas relacionadas ao projecto, bem como no fortalecimento da formação académica em áreas como agronomia.
Entretanto, embora alguns vejam oportunidades significativas, o também engenheiro agrónomo Fernando Pacheco, avalia que a visita não terá relevância significativa para o agro-negócio. Segundo ele, o principal objectivo dos EUA é o Corredor do Lobito, que facilitará o transporte de minérios do Congo e da Zâmbia, deixando o sector agrícola em segundo plano.
“Eu não acredito que a visita do Presidente dos Estados Unidos venha a ter algum impacto no agro- negócio, porque, para isso, seria necessário um ambiente de negócios mais atractivo para os americanos. Eles são pragmáticos e só investem onde vêm oportunidades robustas e seguras.”
Pacheco destacou ainda que os principais obstáculos ao investimento no agro-negócio em Angola incluem a lentidão nos tribunais, a má gestão de terras e o descumprimento da legislação vigente. Criticou a concentração de grandes parcelas de terra em mãos de poucos e sugeriu ajustes na Lei de Terras para garantir maior equidade e eficiência.
Potencial económico e cooperação tecnológica
O economista Marlino Sambongue também vê a visita de Joe Biden como uma oportunidade para fortalecer a confiança internacional em Angola. Acredita que o encontro pode atrair investimentos diretos estrangeiros (IDE) em sectores estratégicos como petróleo e gás, agricultura, tecnologias e indústria transformadora.
“A presença de Biden sinaliza compromisso político e económico forte entre os dois países, o que pode melhorar a percepção de Angola como um destino seguro para investidores internacionais.” Marlino Sambongue também destacou o potencial da visita para promover transferências tecnológicas e inovação, fundamentais para a industrialização do país.
Mencionou a possibilidade de acordos bilaterais focados na capacitação de capital humano, como parcerias para formação acadêmica e pesquisa científica aplicada. Apesar das possíveis vantagens, Sambongue alertou para a necessidade de Angola adoptar uma abordagem estratégica ao negociar financiamentos com os EUA.
Defendeu a diversificação da economia, com foco na indústria transformadora, agricultura e tecnologias, além de investi- mentos em infraestruturas que promovam a conectividade e exportação. “Devemos priorizar condições de financiamento favoráveis, como juros baixos e prazos longos, garantindo uma gestão sustentável da dívida pública.”
O economista também apontou que parcerias público-privadas (PPPs) em projectos como o Corredor do Lobito podem aumentar a viabilidade de grandes empreendimentos, contribuindo para o desenvolvimento do país.
POR:Francisca Parente