O governante manifesta-se optimista em relação aos financiamentos que, de um tempo para cá, tem sido feito no corredor do Lobito, que se estende até à República Democrática do Congo e atravessa países como a Zâmbia. Ricardo de Abreu destaca o financiamento de mil milhões de dólares dos Estados Unidos e salienta que o referido valor vai dinamizar as trocas comerciais ao longo de um corredor que continua a atrair as potências mundiais devido às suas potencialidades.
China, Estados Unidos da América e Europa estão, actualmente, “acomodados” no corredor económico do Lobito. Ricardo de Abreu, que prestou tais declarações na cidade do Lobito ao lado de Samantha Power, representante da USAID, enumera as áreas em que estão a ser usadas o pacote de financiamen- to norte-americano.
“A introdução de 500 megawatts de energia solar na rede, assim como a diversificação do corredor do Lobito, por via da sua completa operacionalização, a transformação de Angola como exportador líquido de alimento até 2027”, sublinha, sustentando que, com isso, se vai reforçar a segurança alimentar regional e global, realçando que o Executivo pretende trabalhar com “parceiros estratégicos”, de modo a desenvolver o agro-negócio ao longo do corredor.
“Queremos, por isso, trabalhar com os melhores parceiros e a dinamização de sectores tão importantes como a agricultura, agro- pecuária, indústria, mas também na mineração”, resume o ministro.
Enquanto a representante da USAID, Samantha Power, fazia uma visita guiada às infra- estruturas de suporte ao Corredor do Lobito, com destaque para CFB e Porto Comercial, especialistas sentavam-se à mesma dando contribuições para a elaboração do plano director do aludido corredor. Os especialistas defenderam a necessidade de se apostar fortemente na questão das infra-estruturas rodoviárias.
Advertências de especialistas
A empresária Filomena de Oliveira sugere que se olhe para o custo benefício, antes de se começar a usar os 300 milhões de dólares de financiamento do Banco Mundial, a julgar pela natureza das políticas de desenvolvimento industrial de Angola, que são integradas, e lembra que o Ministério da Indústria e Comércio responde por dois terços da economia nacional.
A também directora do Instituto Industrial e Inovação Tecnológica, um órgão afecto ao Ministé- rio do Comércio e Indústria, sugere que os financiamentos priorizem o segmento da indústria transformadora, para que Angola não seja transformado em mero transportador de mercadorias. Nesta perspectiva, sugere que o país deve obrigar-se a criar condições infra-estruturais de negócios suficientes, capazes de agregar valor acrescentado local no que se refere à criação de emprego e, por conseguinte, riqueza. Depois disso, sustenta, pensar- se-á na exportação.
“Nós vemos, por exemplo, no corredor de Luanda a nascer uma indústria que vai fazer a transformação do manganês, porque é nossa obrigação, enquanto Estado, não sermos somente um corredor de transporte das minas para o porto”, sustenta. Por sua vez, António Gabriel Neto, da Associação dos Transportadores Rodoviários de Mercadorias de Angola, coloca, igualmente, o acento tónico na questão relativa às infra-estruturas, com destaque particular para as rodoviárias. Ele ressalta que as vias ao longo do corredor inspiram de alguma atenção por parte do Governo, por não estarem devidamente adequadas para o “milionário corredor”.
“Temos muitos problemas de estradas, temos muitos problemas em relação às exigências daquilo que é a circulação rodoviária no corredor do Lobito”, lamenta, realçando que as vias condicionam tecnicamente as viaturas. Saliente-se que o Banco Mundial prevê investir, no âmbito do Programa ‘Diversifica Mais’, 300 milhões de dólares para desenvolver o agro-negócio e potenciar as infra-estruturas ao longo do cor- redor do Lobito, nomeadamente, acesso à energia, água, vias de comunicação e saneamento básico, engajando mais de 12 mil em- presas.