Francisco Franca, um dos responsáveis do da Lobito Atlantic Railway-SA, que explora o corredor do Lobito, explicou que o montante financeiro vai ser investido na compra de material circulante e reforço da linha férrea, com destaque para as da República Democrática do Congo (RDC).
Ao Primeiro-Ministro português, Luís Montenegro, que esteve quinta-feira, 25, no Terminal Mineraleiro, no seguimento da visita de três dias a Angola, se lhe apresentou as projecções em termos de gestão, resumidas, essencialmente, em um plano de investimentos que visa aumentar para um milhão de toneladas de minério, já para o próximo ano, embora essa aludida projecção de que se fala esteja, em certa medida, dependente de determinados pacotes financeiros.
Havendo todos os investimentos e estando tudo a funcionar a contento, os números podem aumentar para cinco milhões, segundo Francisco Franca. “Isto é, doméstico, importação e exportação”. Essa empreitada vai exigir a que se invista na infra-estrutura e em material circulante, sobretudo na compra de vagões.
No que respeita aos investimentos em infra-estruturas, o consórcio refere que as linhas férreas na RDC inspiram algum cuida- do devido à forma como, actualmente, se apresenta.
O Governo Angolano tem assumido que há, da parte da RDC, alguns investimentos a ser feito, daí Félix Tshisekede, Presidente da República daquele país, ter assumido, há meses, na cidade do Lobito, um incremento de investimento na infra-estrutura ferroviária de 200 milhões de dólares.
“Porque a linha lá está em muito mau-estado. Não como em Angola, está em bom estado “, reconhece Francisco Franca, ao sinalizar que, neste momento, dispõem de 700 colaboradores, sendo que o pico passa por atingir 2 mil funcionários.
Desta feita, Francisco Franca revela que se está, neste momento, a fechar a linha de crédito dos Estados Unidos à concessionária, manifestando-se, pois, optimista de que, até final deste ano, se vá ter o primeiro desembolso da linha de crédito.
“Para investir fortemente na linha. Estamos a falar à volta dos 550 milhões de dólares”, realçou, dando, igualmente, conta de uma outra linha sul-africana de 170 milhões de dólares.
O consórcio, que soma já cinco meses de operação (iniciado em 25 de Janeiro), numa concessão de trinta anos renováveis, tem mais de mil quilómetros em Angola, ao que se adiciona outros 400 quilómetros na República Democrática do Congo.
Numa primeira fase, carrega- se, a partir de Angola, enxofre e da RDC retira-se cobre, conforme ilustrou Francisco Franca ao Primeiro-ministro português.
Ao longo dos 1.200 quilómetros de linha férrea, do Lobito ao Luau, estão acerca de 107 estações, muitas das quais não estão a funcionar, aguardando por investimentos e incremento de trabalhadores na concessionária.
Todavia, o transporte , a nível do Corredor do Lobito, não se consubstancia só em mineiro. Do terminal mineraleiro, alguns comboios, fretados pela Sonangol, partem para o Luau carregados de combustível para o Moxico e outra parte do leste de Angola e não só, daí que o Corredor se afigure, disse o responsável, num dos mais importantes da África subsariana.
“O nosso objectivo, na par- te internacional, que nós temos, estamos a falar de dois comboios por semana, quando estiverem todos os investimentos feitos, tudo a funcionar, vamos ter seis comboios por dia”, sinaliza Franca, acrescentando que tal visa contrariar o actual cenário em que apenas dois comboios fazem o percurso Lobito, Benguela, /Luau, Moxico.
“Nós não estamos sozinhos. Neste corredor , nós temos atlântico e índico. Esse Corredor ferroviário sempre existiu há mais de cem anos e liga Durban (África-do-Sul) e à Dares- Salaan, (Tanzânia) e, depois, há outros corredores, que são rodoviários”, sustenta.
A grande vantagem para o cor- redor do Lobito, conforme explica, é o tempo reduzido que se faz em cada viagem, se comparado a outros corredores africanos.
Ambiente eleitoral versus financiamento norte-americano
Apesar de os Estados da América estar a viver um momento de indecisão em virtude das eleições de Novembro, o ministro dos Transportes, Ricardo de Abreu, acredita que nada vai mudar em relação ao compromisso, em termos de financiamento, assumido pelo Governo Norte-americano, cujo principal impulsionador é o Presidente Joe Biden, que desistiu da corrida à Casa Branca.
O governante diz que Angola está a acompanhar o ambiente nos Estados Unidos, sugerindo que a situação deve ser encarada em duas perspectivas: dimensão política e compromissos económicos dos norte-americanos em África.
“Eu acredito que, independentemente do partido que possa vencer as eleições, este sentido estratégico e geo-estrategico, económica e os recursos que nós temos, se vai manter.
Portanto, são dados muito mais efectivos do que sensibilidade política”, considera o governante angola- no, que, assim como os responsáveis da Lobito Atlantic Rai- lway-SA, manifesta optimismo em relação ao crédito posto à disposição pelos Estados Unidos.