Um cidadão concorrente à vaga de mecânico para a Refinaria de Cabinda veio a público denunciar supostas irregularidades existentes no concurso organizado por uma empresa identificada como Cabestiva. Além de esta empresa não ter experiência neste tipo de contratação, segundo o denunciante, a forma como os concorrentes foram seleccionados e fizeram os testes não demonstra seriedade no processo
A movimentação do pessoal começou a partir do momento que tiveram acesso à comunicação, publicada no Jornal de Angola (JA), em Setembro do ano passado, da existência de vagas para o pessoal que irá trabalhar na Refinaria de Cabinda, feita pela empresa Cabestiva. Pela mesma via, a referida empresa fez sair um comunicado, já no dia 18 de Janeiro de 2023, sobre o dia dos testes (de 23 a 25 de Janeiro).
Segundo o denunciante, Nelson Simba, os candidatos apesar de acharem estranho que este processo esteja a ser feito por uma empresa que não tenha experiência na área, uma vez que muitos conhecem o objecto social da mesma empresa, ainda assim concorreram e foram acompanhando o processo.
Nelson disse que, apesar de alguns dos concorrentes terem dito que tomaram conhecimento da abertura do concurso via JA, o número é bastante ínfimo, e ele, denunciante, teve conhecimento via rede sociais, com a base de que deviam enviar as candidaturas via email (recutamento@cabestiva.com). “Estranho é que muita gente que participou reclamou que não teve feedback do envio de email, e no dia 23 de Janeiro, na rua 60, casa 550B, no bairro Patriota, começaram os testes. Dias antes estive no local para conhecer e encontrei uma lista dos candidatos apurados para os testes, que não passava 300, o que é estranho para um projecto de refinaria que normalmente fica programado para 2000 pessoas”, disse.
As dúvidas foram surgindo, procurou com os outros candidatos mais informações, mas as pessoas que os receberam disseram que naquelas listam constavam os candidatos a nível nacional. Outro facto estranho foi quando alteraram o local para os testes, para uma zona em Cama- ma, o que levou também Nelson a se questionar se, realmente, este processo estava a ser encabeçado pela multinacional Gemcorp e a Sonangol, empresas sé- rias, como o recrutamento estava naquele nível.
“O processo não está a ser conduzido devidamente, no meu entender. Já participei em vários processos e sei que não é assim que funciona, e mais numa dimensão como a Refinaria de Cabinda. O processo de recrutamento é muito duvidoso, depois nós conhecemos a Cabestiva e ela não faz este tipo de trabalho. A Sonangol e a Gemcorp têm em- presas que fazem este tipo de trabalho para eles”, acrescentou.
Nelson trabalhou há mais de 18 anos, como mecânico operador, no sector dos petróleos, pertence a um grupo de trabalhadores activos e inactivos e há muitas reclamações, embora alguns dos lesados não mostrem disponibilidade para se queixar, cujo número passa os 50 (no grupo do de 2004 (o mais actualizado em que aparece o nome da empresa) é uma empresa de estivas e serviços marítimos de Cabinda, que tem como sócios os senhores António Pereira Neves, Carlos Castro Carmo e José Eduardo Nunes Barata.
Um processo bastante transparente”
Este assunto está a ser tratado pelo jornal OPAÍS, juntamente com a Rádio Mais Luanda, esta última no sentido de buscar o contraditório contactou a empresa Cabestiva, que a princípio confirmou o lançamento do concurso em Setembro, numa comunicação feita através do Jornal de Angola. A pessoa que conversou com o jornalista Emílio José, da Rádio Mais, pediu para não ser identifica- da, mas predispôs-se a prestar esclarecimentos sobre este processo de recrutamento organizado pela sua empresa.
“Fizemos a filtragem da papelada, num processo longo, tivemos o cuidado de não ignorar nenhum documento. Todos que preencheram os requisitos foram seleccionados. Devemos aqui frisar que havia alguns certificados falsos, mas na altura das entrevistas os candidatos foram obrigados a trazer os certificados originais, e muitos desistiram, porque não tinham a documentação completa”, disse. A Cabestiva tem a sede em Cabinda, disse, e fora desta província os candidatos fizeram a entrevista via on-line.
Esclarece ainda que ligaram para todos os candidatos apurados para a entrevista, os que não vivem em Cabinda forneceram os email para a entrevista on-line, tiveram muito trabalho, pois eram mais de 2000. “Então, todos os candidatos que não estão na lista é porque não foram apurados mesmo. Numa primeira fase o concurso foi aberto em Cabinda, mas a empresa, de modo a facilitar abriu uma excepção para aqueles que se encontram noutras províncias”, acrescentou. Por outra, esclareceu que a Cabestiva tem os documentos legais para tratar do processo de recrutamento e não está a agir sem autorização.
Tudo fizeram, apesar de já terem publicado no Jornal de Angola, inclusive contactaram os candidatos para comunicar o local da prova. “Houve candidatos que chegaram tarde, no dia da prova, ainda assim permitimos que fizessem a prova. Então, caro jornalista, eu posso lhe garantir que foi um processo bastante transparente. É normal que haja esta reacção dos candidatos, as pessoas estão aflitas com o desemprego, mas não pode- mos apurar todos”, finalizou.