A relação comercial entre Angola e os Estados Unidos da América conheceu, este ano, impulsos significativos com o anúncio dos americanos do desembolso de 250 milhões de dólares, para apoiar e acelerar a construção do corredor do Lobito
O corredor do Lobito é um projecto que é visto como reconhecimento do potencial da linha férrea do Porto Comercial à República Democrática do Congo (RDC) e à Zâmbia, embora tenha ainda de ser ajustada às locomotivas adquiridas à General Electric, paralisadas há alguns anos. Os americanos pretendem canalizar este valor no investimento do Corredor dentro da Corporação para Financiamento de Desenvolvimento Internacional (DFC).
Este anúncio foi feito pelo Presidente Joe Biden na última reunião do G-7, no Japão, uma acção da Presidência americana que faz parte da iniciativa Parceria para Infra-estruturas e Investimentos Globais para países de baixo e médio rendimento (PGI). A coordenadora interina da PGI, Helaina Matza, informou que o montante disponibilizado marca o primeiro investimento deste país em infra-estruturas africanas semelhantes.
Helaina Matza disse que esse financiamento representa apenas o início ou exemplo do apoio que os Governos dos países mais industrializados e desenvolvidos do mundo (G7) prometeram dar à África, para a construção de infra-estruturas de desenvolvimento regional e assistência técnica aos quadros africanos.
O projecto do Lobito é o primeiro passo para ligar e desenvolver a actividade comercial e económica de Angola à RDC que pode ajudar a promover maiores investimentos na agricultura, infra-estrutura digital e acesso alargado à electricidade. O corredor do Lobito é forma- do pelo Porto desta cidade e pelos Caminhos-de-Ferro de Benguela, sendo a rota de exportação mais rápida para o cobre, cobalto e outros minérios aos países como a Zâmbia e a RDC.
“Grande passo para diversificação económica”
A União Europeia considera o Corredor do Lobito um grande passo rumo à diversificação da economia de Angola e dos outros dois países integrantes e, com efeito, garantir a integração regional. A embaixadora da União Europeia em Angola, Jeannette Seppen, sublinhou que a gestão do corredor vai alavancar a economia de Angola.
Lembra que o Banco Mundial injectou 300 milhões para o Programa de Aceleração da Diversificação da Economia com foco no apoio a empresas que se encontram no perímetro do Corredor do Lobito, tendo frisado que Angola continua a ser um parceiro privilegiado da União Europeia.
Fruto disso, Jeannette Seppen disse que Angola e a União Europeia devem promover, nos próximos tempos, um fórum de negócios para atracção de investimentos na perspectiva de possibilitar que os empresários identifiquem novas áreas e oportunidades para investir.
O Corredor do Lobito que estende-se desde o Porto do Lobito, banhado pelo Oceano Atlântico, e atravessa Angola de Oeste a Este, passando pelas províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico, conta com uma extensão ferroviária de 1.866 quilómetros, sendo que 1.344 quilómetros, somente em Angola, dando acesso à República Democrática do Congo (RDC) e a Zâmbia.
200 milhões de habitantes beneficiados
O ministro dos Transportes, Ricardo de Abreu, afirmou, recentemente, que as três economias (Angola, Zâmbia e a República Democrática do Congo) valem, hoje, aproximadamente, mais de 200 mil milhões de dólares. Com o corredor, prevê-se a criação do bem-estar social para mais de 200 milhões de habitantes, que vivem, trabalham e beneficiam da existência e funcionamento do referido projecto.
Não sendo uma criação recente, o ministro dos Transportes considera uma infra-estrutura poderosa que marca, em definitivo, a imagem de Angola para o mundo, designadamente junto de investidores privados e de entidades financeiras dos Estados Unidos e da Europa.