Futungo de Belas, Kalandula, Cabo Ledo, Bacia do Okavango e M’banza Congo como Património Cultural, foram definidos em 2011 para, num período de 10 anos, serem pontos de atracção turística transformando-se em “petróleo verde” para a diversificação económica do país.
O Plano Director do Turismo tinha a meta ambiciosa de criar um milhão de postos de trabalho e a arrecadação de uma receita de cerca de 4,7 biliões de dólares americanos. Entretanto, os ganhos passariam por um investimento, particularmente em estradas, electrificação e abastecimento de água nos Pólos
Nos cinco projectos que serviria para alavancar o turismo nacional, o Governo chamou a si, por via da intervenção de mais de 10 Ministérios, a materialização de várias condições, sendo as mais importantes, o desenvolvimento de serviços de infra-estruturas de transporte rodoviário, ferroviário, marítimo e aéreo.
Os Pólos de Desenvolvimento seriam também materializados com recurso ao abastecimento de água, energia, assim como o ordenamento do território nas zonas de interesse turístico.
Na prática, volvidos cerca de 13 anos, a maioria dos planos gizados na Agenda para o Desenvolvimento do Turismo em Angola (2011-2020) não foram concretizados, como se pode ver abaixo:
4,6 milhões de turistas
O Plano Director do Turismo previa a necessidade de ser feito um investimento no sector como forma de atrair investidores, aumentar as receitas, criar postos de trabalho e especializar quadros angolanos.
Um milhão de postos de trabalho é o que o documento perpectivava, com uma receita de cerca de 4,7 biliões de dólares americanos, e deste modo, aumentar o peso do sector no Produto Interno Bruto (PIB).
Em 2023, de acordo com projecções do Instituto Nacional de Fomento Turistíco (INFOTUR), há a previsão de entrada de 200 mil turistas em Angola.
Entretanto, o Plano previa que o número de turistas chegaria, até 2020, aos 4,6 milhões nacionais e internacionais para, desta forma, concretizar os objectivos definidos.
Tornar o turismo no “petróleo verde” do país era a grande aposta para a diversificação da economia nacional e integrar Angola na rota internacional do turismo.
Esta estratégia passaria também pela adequação do Pacote Legislativo, a criação de um Fundo de Desenvolvimento Turístico e a implementação dos Pólos de Desenvolvimento.
Sete restaurantes encerrados no Cabo Ledo
No Cabo Ledo, segundo a sua administradora comunal, Clementina Palma, a entrave para o desenvolvimento do turismo é mesmo a falta de energia elétrica e água potável, que permitira o normal funcionamento dos resorts e restaurantes.
“A falta de energia e água tem condicionado os investidores, porque a água tira-se a 80 quilómetros daqui, no Rio Longa, através de camiões-cisternas, e a energia é de geradores.
Os investidores gastam muito com combustível”, disse a Administradora.
Aliás, sobre o combustível Clementina Palma disse que a situação torna-se mais crítica pelo facto da sede do Cabo Ledo dispor apenas de uma bomba de combustível, o que complica ainda mais os operadores do sector do turismo.
Na entrevista que concedeu a OPAÍS, a administradora revelou que, actualmente, funciona nesta comuna cerca de 14 operadores do sector do turismo, entre resorts e restaurantes, mas lamentou o encerramento de outros sete restaurantes por conta dos elevados custos da operação.
“Uns começam e depois páram, porque os custos para manter os restaurantes são muito elevados. Temos neste momento sete restaurantes fechados por dificuldades financeiras”, realçou.
Ainda assim, Clementina Palma realça que mesmo nas condições em que se encontra actualmente o pontencial turístico da comuna que dirige não deve ser desperdiçado, e apela aos interessados a visitarem as diferentes atracções que Cabo Ledo oferece.
Diz-se esperançada que o projecto de electrificação programa para o zona da Gabela, no Cuanza Sul, prevista também para abranger o Cabo Ledo, não tardará a chegar, a fim de minimizar as dificuldades dos operadores do turismo, assim como para o consumo doméstico das famílias residentes.
Enquanto isso, quem não desistiu de empreender em turismo no Cabo Ledo, não poupa nos gastos água e combustível para ver funcionar o seu espaço.
Numa ronda efectuada em três resorts foi possível verificar isso mesmo, sendo que em alguns casos a energia é garantida por mais de um gerador. “Aqui o gerador tem de estar ligado 24 horas por dia.
Mesmo que tivermos apenas um cliente no resort o gerador tem de continuar ligado.
Desta forma, nem preciso avançar quanto gastamos para manter ligado um gerador em 30 dias do mês”, disse o gerente de um dos resorts.
lojamento para o fim d’ano esgotado
Apesar das dificuldades, constatamos que existe uma grande procura por alojamentos nos resorts, realidade que se intensifica aos fins-de-semana e feriados.
Para se ter uma ideia, apesar de o tempo ainda estar frio, no primeiro resort que OPAÍS visitou, o Carp Diem, com 22 quartos, na última Sexta-feira apenas estavam disponíveis quatro.
Em função da procura, no resort Doce Mar a marcação deve ser feita com pelo menos 15 dias de antecedência.
Entretanto, uma situação chamou a nossa atenção: para o fim d’ano o Cabo Ledo já não dispõe de alojamento disponível, faltando ainda cinco meses, como garantiu a administradora Clementina Palma.