Um relatório divulgado hoje, a que OPAIS teve acesso, revela que a China deverá manter o seu apoio aos países africanos, particularmente a Angola, de formas a ultrapassar os problemas económicos e promover oportunidades.
De acordo com o relatório, dado que a economia da China é significativamente maior do que a de África em geral e que os dois países têm desfrutado de décadas de amizade, Angola e outras nações africanas devem manter a sua amizade com a China e acolher o investimento chinês nas energias renováveis e na agricultura, particularmente nas áreas dos cereais, açúcar, pecuária e aquacultura.
O documento aponta ainda a necessidade de incentivar as empresas biomédicas chinesas a investirem na produção de medicamentos e vacinas certificadas em África e a apoiarem a construção de sistemas de saúde nos países africanos, utilizar os fundos chineses para cooperar com a China em todas as frentes nas áreas de construção, do petróleo, dos bancos, dos seguros e das telecomunicações e promover, vigorosamente, a construção de infra-estruturas e de grandes projectos industriais, como projectos de aeroportos, auto-estradas e refinarias de petróleo em grande escala.
O relatório sublinha igualmente que a África precisa da China e a China também precisa da África.
O investimento industrial da China, descreve o documento, representa uma oportunidade para o desenvolvimento de África e a experiência de desenvolvimento da China é vital para África.
“O investimento industrial da China não resultará na mesma catástrofe financeira que o dólar forte; pelo contrário, reforçará os laços entre os dois países e promoverá os seus interesses comuns, de forma a criar uma situação vantajosa para ambas as partes que promoverá um desenvolvimento colectivo e saudável”, refere o relatório.
Tendência do dólar forte e as taxas de juros elevadas
Segundo ainda o documento, em 2020, o mundo foi surpreendido com a pandemia causada pela COVID-19, nunca vista antes neste século. A inflação americana, lê-se, começou a subir em resultado da injeção de uma quantidade significativa de liquidez em dólares no mercado para compensar os efeitos negativos da epidemia na economia interna dos países africanos, sobretudo Angola.
Entretanto, em 2022, a expansão da NATO para leste levou à eclosão da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, os preços do petróleo, do gás natural e de outras matérias-primas globais dispararam, a inflação espalhou-se globalmente e o aumento da inflação interna dos EUA disparou, neste contexto, o crescimento da inflação interna nos EUA disparou e, em março do mesmo ano, a Reserva Federal iniciou um ciclo de subida das taxas de juros, e a taxa de juros do dólar americano disparou de 0-0,25% para 5-5,25% em pouco mais de um ano.
A tendência do dólar forte e as taxas de juros elevadas e sem risco atraíram capitais de todo o mundo para os EUA e permitiram que os dólares libertados durante a pandemia fossem retornados.
Kwanza afectado
O relatório refere ainda que o Kwanza também foi severamente testado durante o ano passado. Citando o Banco Nacional, o documento aponta que, nos primeiros três meses de 2024, o volume total da dívida angolana diminuiu 5,93%, para 48,3 bilhões de dólares, mas, ao mesmo tempo, a sua dívida para com os EUA cresceu 12%, o que fez com que o nível mais elevado dos últimos anos fosse atingido.
De acordo com o relatório, o kwanza perdeu 37 % do seu valor frente ao dólar americano no último ano e, em consequência da forte depreciação do kwanza, a taxa de inflação em Angola subiu para um máximo de 28,2%, o que fez com que muitas companhias ingressassem em dificuldades económicas.
Visita de João Lourenço à China reforça acordos económicos
Todavia, lê-se no documento, enquanto as economias dos países em desenvolvimento de todo o mundo estão em dificuldades, a China, a segunda maior economia do mundo, resistiu ao teste, com a economia do país a desenvolver-se de forma estável e ordenada, a inflação a manter-se baixa, a depreciação do renminbi limitada e a redução das taxas de juros do país a dar vigor à economia.
Assim, frisa o relatório, para oferecer mais opções para atenuar as dificuldades económicas de Angola, o Presidente da República, João Lourenço, voltou-se para a China, “país com o qual a economia angolana está fortemente ligada e que é um dos mais importantes destinos da principal exportação de Angola, o petróleo, bem como dos grandes investimentos chineses em Angola.
O Presidente João Lourenço chefiou a delegação à China, onde reuniu-se com o Presidente Xi Jinping e o Primeiro-Ministro Li Qiang, tendo os dois países assinado uma série de acordos de cooperação económica. Incluindo, um acordo com a China para liberar 200 milhões de USD por mês em adiantamento de empréstimos garantidos por petróleo para aliviar a balança de pagamentos de Angola.
40 anos de amizade e respeito mútuo
O relatório refere ainda que a delegação angolana ficou impressionada com a estabilidade e a prosperidade da China bem como com a boa vontade e a simpatia do seu povo.
“No Fórum de Cúpula de Negócios Angola-China, realizado em Pequim, o Presidente João Lourenço frisou que a cooperação entre os povos de Angola e da China é fruto de mais de 40 anos de amizade de longa data, baseada nos princípios do respeito mútuo, da amizade sincera e da complementaridade económica”, lê-se no extenso relatório.