A potência asiática diminuiu em Outubro a importação de petróleo, segundo o último relatório da OPEP, o qual revela que a organização reduziu a taxa de produção e confia no reequilíbrio do mercado em finais de 2018, apesar de prever a subida substancial da produção norte-americana
Por: Luís Faria
no primeiro relatório mensal sobre o mercado petrolífero após a extensão do acordo entre a OPEP e outros 10 produtores quanto ao corte de produção até ao final do próximo ano, a organização que reúne 14 países exportadores, entre os quais Angola, reduziu a sua produção, em Novembro, em 133,5 mil barris por dia.
A produção angolana foi a que mais recuou e terá diminuído, no último mês, 108,7 mil barris diários, de acordo com as habituais ‘fontes secundárias’ citadas pela organização, caindo para um valor abaixo de 1,6 milhões de barris. Deste modo, Angola terá produzido abaixo do limite que se obrigou a cumprir no âmbito do corte global de cerca de 1,8 milhões de barris diários acordado por 24 países para equilibrar o mercado.
A quota de produção angolana mantém-se em 1,673 milhões de barris por dia, ou seja, um corte de 78 mil barris em média diária. Já do ponto de vista das ‘comunicações directas’ relativas ao nível de produção, também compiladas pela OPEP, Angola produziu em Novembro 1,607 milhões de barris por dia, mais 6 mil barris que no mês anterior.
No seu conjunto, os países filiados na OPEP reduziram a produção, em Novembro, em 133,5 mil barris diários. É a Arábia Saudita que apresenta, com base nos dados obtidos através de ‘fontes secundárias’, a seguir a Angola, a maior redução mensal (menos 45,4 mil barris por dia), o que sinaliza a vontade do maior produtor da OPEP em cumprir o acordo que tem por objectivo obter o equilíbrio no mercado e a estabilidade do preço do crude num patamar aceitável (que será, pelo menos, acima de USD 60).
O país que mais aumentou a produção foi a Nigéria, apresentando um registo de 1,79 milhões de barris por dia e garantido o estatuto de maior produtor africano. Recorde-se que a Nigéria passou a estar vinculada, no âmbito da decisão de estender até ao fim de 2018 as restrições à produção, ao regime de cortes, estando agora sujeita a uma quota. No mês anterior ao da publicação do documento da OPEP, em Outubro, Angola manteve, a seguir à Rússia, o seu estatuto de segundo fornecedor de petróleo bruto à economia chinesa, apesar de, no mesmo mês, a China ter diminuído as suas importações da matéria-prima energética em 19%, o correspondente a cerca de 1,7 milhões de barris por dia, face a Setembro. No entanto, na comparação anual, que confronta as importações chinesas em Outubro deste ano com as realizadas pela potência asiática em igual mês de 2016, aquelas cresceram 8%. Angola e Rússia, os principais fornecedores, viram as suas exportações de petróleo para o gigante asiático cair 26% e 29%, respectivamente. Pelo contrário, a Arábia Saudita, o terceiro fornecedor de petróleo à economia chinesa, aumentou, em Outubro, as suas exportações de petróleo para a China em 4%.
A OPEP mantém as suas previsões para a procura mundial, onde sobressai a China entre os países não pertencentes à OCDE – que é vista como o clube das economias mais desenvolvidas – tanto no que respeita a este ano como ao próximo: crescerá 1,53 milhões de barris por dia em 2017 e 1,51 milhões de barris por dia em 2018. Estima, no entanto, que a produção dos países não integrados na organização cresça mais que o previsto na sua última avaliação, apontando agora para um aumento de 0,81 milhões de barris por dia, mais 0,15 milhões de barris do que o estimado no anterior relatório. Também em 2018 a estimativa para a produção de países não filiados é revista em alta, de 0,12 milhões de barris diários para 0,99 milhões. Para tal contribui a produção norte-americana para o próximo ano, que deverá crescer mais de um milhão de barris por dia. Mesmo assim, a OPEP acredita que no final de 2018 o mercado estará equilibrado, num momento em que o preço do Brent (referência das ramas angolanas) parece ter conquistado um ‘chão’ na cotação de USD 63 por barril, tendo chegado inclusive, esta semana, a superar USD 65.