Sessenta e oito por cento da população em Angola não possui conta bancária, justificando a falta de rendimento como a causa. Igual número tinha emprego, ao passo que 25% estavam desempregados e 7% inactivos, segundo o Inquérito de Literacia Financeira 2022 (ILF) apresentado, ontem, Quarta-feira, pelo BNA e INE
Um total de 68% da população em Angola não possui conta bancária, o que significa que pouco menos de 32% dos indivíduos tem uma conta domiciliada. Dos entrevistados que não têm conta, 68% tinham emprego, ao passo que 25 % estavam desempregados e 7% inactivo, segundo Inquérito de Literacia Financeira 2022 (ILF), apresentando pelo Banco Nacional de Angola (BNA), em parceria com o Instituto Nacional de Estatística (INE). Quanto à utilização das contas, 56% dos usuários utilizam uma vez no mês, sendo que 16% duas a três vezes e 14% uma vez na semana.
Mais de 500 acções de formação sobre a literacia financeira
De acordo com a administradora do BNA, Marília Poças, o inquérito visa saber o estado da literacia financeira e a sua evolução tanto em ter- mos de inclusão, assim como em literacia financeira. “Percebemos que temos um longo caminho a percorrer, por esse motivo é necessário esforços contínuos para atingir uma inclusão financeira salutar para o país”, disse. Em relação ao investimento aplicado ao inquérito, a responsável referiu que não foi muito caro, tendo em conta o apoio de instituições governamentais, com realce ao Instituto Nacional de Estatísticas (INE).
Por outro lado, têm sido realizadas igualmente formações com diversos parceiros, como é caso do Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher (MASFAMU) e demais instituições. “Em 2022 tivemos e queríamos perceber se as formações estavam a ser suficientes e o caminho certo, sendo que os resultados contêm as informações que precisávamos”, explicou. Para a responsável, há necessidade de se empreender mais recursos, estabelecer dinâmicas diferentes para alcançar resultados eficazes, sublinhando que o protocolo com o Ministério da Educação aposta em formações nas escolas sobre a literacia financeira.
“Temos um programa especial com o Ministério da Educação e pensemos que precisa de ser melhorado, inclusive implementa- mos a semana Money Week (semana so dinheiro) e estamos a dar atenção às escolas”, disse. Por sua vez, o director geral do INE, Hernany Luís, avançou que o inquérito foi realizado em todas as províncias do país, com uma população estimada de 33 021676 habitantes, da qual as mulheres representam a maioria com 51%. Já o índice de masculinidade é 95%, o que corresponde a 95 homens para cada 100 mulheres.
“ O número médio de pessoas por agregado familiar é de 5,2, sendo na maioria chefiados por homens (69%) com uma taxa de resposta salutar, tornando o documento satisfatório do ponto de vista estatístico”, explicou. Hernany Luís sublinhou que o primeiro indicador apresentado foi o nível de literacia financeira de 25% a nível nacional, segue-se o conhecimento, comportamento e atitude em relação aos produtos financeiros, que lança luzes suficientes para quem faz política pública ter uma ideia mais detalhada do sistema financeiro no país.
Iniciativas de empreendedorismo
Segundo o inquérito, 49% da população com 15 anos ou mais anos de idade criou um negócio, dos quais 22% encontram-se activos e mais de 58% recorreram à poupança feita ao longo dos anos. De igual modo, mais de metade da população com 15 anos ou mais anos, ou seja 60%, possui alguma fonte de rendimento, sendo que 29% tem salário como principal fonte de rendimento, seguido do rendimento proveniente do negócio informal (21, 3%). E mais de dois terços da população com 15 anos ou mais anos de idade (70%) tem conhecimento sobre a inflação.
Em relação ao planeamento financeiro, perto de 80% dos inqueridos declarou que o dinheiro dificilmente chega para pagar as contas, sendo que 37% dos agregados fazem o orçamento familiar, ao passo que mais de metade, isto é 63%, não faz o orçamento familiar e a maioria reside na área rural. Já no que toca às dividas, 28% da população com 15 ou mais anos de idade declarou ter contraído divida, 89% endividou-se tendo em conta os imprevistos.