Falando ao jornal O PAÍS, recentemente, o responsável não se referiu aos desembolsos, mas informações colhidas apontam para 60 mil milhões de kwanzas só em 2023. Ferreira Kavissukua afirmou que, desde que a Carrinho assumiu o BCI, há dois anos, a instituição tem vindo a apostar fortemente no agro-negó- cio, tendo como foco a produção de grãos.
A instituição admite o compromisso de apoiar o sector primário, sobretudo a agricultura familiar. Desta feita, num curto espaço de tempo, ou seja desde que o BCI entrou na fase de reestruturação, foram já apoiadas 150 mil famílias camponesas, porém Kavissukua refere que as projecções apontam para cada vez mais aumento.
Os apoios de que fala se resumem, fundamentalmente, em insumos agrícolas para o processo de produção de grãos. Os apoios chegam às famílias por via da Carrinho Agri, a quem cabe organizar os agricultores. “Então o banco BCI joga um papel, no sentido de proporcionar com alguns imputes financeiros, alguns encaixes para ajudar na aquisição dos insumos e outros meios para a produção”, sustenta.
Bancos há que se furtaram a financiar o sector agrícola devido à questão relativa ao direito de superfície dos terrenos. Entretanto, o director do agro-negócio do BCI, entidade ligada à Carrinho, deixa claro que tal não se dá em relação àquela instituição bancária, porquanto a primazia desta consiste em apoiar as famílias, tendo em vista a auto-suficiência e segurança alimentares, associado, naturalmente, à necessidade de se alimentar as fábricas da Carrinho.
“Não se coloca muito essa questão de falar das garantias de terras. Isto implicaria pedir ao camponês documentos como direito de superfície e isto não iria resolver a nossa necessidade”, explicou. Ferreira Kavissukua realçou que o objectivo passa, necessariamente, por apoiar o processo de produção de grãos, e disse estar consciente de que, caso exijam tais condições, as famílias enfrentariam enormes dificuldades na aquisição de tais documentos.
“Daí que nós preferimos olhar para o assunto de uma maneira diferente. Apoiamos na mesma sem precisamente apresentar essas garantias, porque temos outros mecanismos de controlo para retorno dos fundos que forem colocados à disposição”, assegura.
Políticas macroeconómicas
No âmbito das políticas macro- económicas do Governo, foram definidas, no que se refere à concessão de crédito, algumas prioridades, que passam pela produção em grande escala de milho, feijão, arroz, trigo, estendendo- se até ao fomento à produção de algodão. As regiões onde se produzem estão, segundo dizem, agrupadas por corredores A e B.
O primeiro abrange as províncias de Malanje, Cuanzas Norte e Sul, ao passo que o segundo compreende o Bié, Huambo e Huíla. “Apesar de que, para além dessas províncias, tem outra província, que é Benguela, que também faz parte das prioridades definidas no projecto”, salienta, ao reconhecer constrangimentos na implementação do referido programa de concessão, mas que têm sido ultrapassados, de sorte que já se pense no aumento de famílias beneficiadas. “Inicialmente, há dois anos, nós estávamos com uma número de famílias até 60 mil, mas, hoje, já estamos a controlar 150 mil”, revela.