Os dados apresentados pelo CEIC apontam para uma taxa de pobreza na ordem dos 46,4% em 2024, ainda assim melhores que as previsões do FMI segundo as quais a pobreza se deverá posicionar nos 50,7% no mesmo período
A previsão de crescimento da economia em 2024 do Centro de Estudos de Investigação Científica da Universidade Católica de Angola (CEIC) alinham com a previsão de crescimento do Executivo.
O CEIC aponta para 2,7% de crescimento económico, enquanto o Executivo aponta para um crescimento de 2,84% para o ano de 2024, o que representa previsões muito similares, como, aliás, afirmou o investigador e docente da Universidade Católica Téurio Macedo durante a apresentação.
As duas previsões são, no entanto, e conforme o livreto de “actualização das previsões de crescimento da economia angolana e impactos sobre a pobreza”, lançado ontem nesta instituição de ensino, díspares e mais distantes das previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), que aponta para um crescimento de 3,1%.
Acresce-se a isso que as previsões do Executivo e do CEIC se distanciam também das previsões do Economist Intelligence Unit (EIU), que aponta para um crescimento de 3% neste ano de 2024.
A explicação deste olhar muito mais positivo por parte das instituições internacionais, sobretudo do FMI, disse o investigador Téurio Macedo, tem a ver com a ideia de a instituição Bretton Woods já ter em conta o conjunto de avanços que deverá o país ter no âmbito da reforma do Estado, com foco para a administração público.
Pobreza pode chegar aos 8,5% em 2030
Os dados apresentados pelo CEIC apontam para uma taxa de pobreza na ordem dos 46,4% em 2024, ainda assim melhores que as previsões do FMI segundo as quais a pobreza se deverá posicionar nos 50,7% no mesmo período.
Aqui, importa referir que o CEIC apontou para vários caminhos e onde há um crescimento na ordem dos 16% e uma taxa de crescimento da população na ordem dos 2%, portanto distante das taxas mais expectáveis, o que, segundo os investigadores, se pode chegar a uma taxa de pobreza de 8,5%.
As previsões económicas só fazem sentido se medidas dentro de uma realidade social concreta, com problemas próprios e únicos.
As previsões do CEIC assentam na questão da possibilidade ou não do progresso social.
Para os investigadores, a verdadeira questão é saber se o Executivo, com acertos e erros, vai conseguir fazer com que esse desempenho económico se transforme em melhorias palpáveis na vida da população, um desafio que exige a melhor das estratégias, mas também a sua melhor aplicação.
“É que só assim, sendo quase perfeitos, se consegue materializar uma revolução como a chinesa, liderada por Deng Xiaoping, ou mesmo como a da Coreia do Sul, já que ambas marcam por tirar milhões da pobreza”, disse Téurio Macedo.
Por: Ladislau Francisco