O secretário-geral da Cooperativa de Cria- dores de Gado do Sul de Angola, Carlos Damião, disse ao OPAÍS que o preço da carne nacional poderá aumentar nos próximos dias, em função do aumento do preço do gasóleo. “A nossa carne chega a ser a mais cara em relação a importada.
Não conseguimos competir, porque eles não têm os cus- tos que nós temos, como o acesso à água. A maioria das nossas fazendas são alimentadas por furos, e estes por geradores”, disse, defendendo a necessidade de o governo criar o chamado gasóleo verde, que seria comercializado num preço especial.
Carlos Damião disse que, por mês, há fazendas que chegam a consumir oito mil litros de gasóleo, o que impacta nos custos de produção da carne, nomeadamente o cultivo de pastos, a manutenção da saúde dos animais e o seu abeberamento. Com esses factores, sustenta, não tem como não encarecer o preço do produto final que chega às mesas das famílias.
Carlos Damião defende que se comece a pensar na subvenção do gasóleo, sobretudo para os agentes que actuam no agronegócio, para diminuir as dificuldades. Por outro lado, disse que o projecto de construção de um matadouro industrial que poderá atender a região sul continua engavetado por falta de financiamento, apesar de já ter tudo delineado, desde a existência de um espaço físico para a execução, até a capacidade de abate.
Apesar de não revelar datas, Carlos Damião garantiu que o mesmo poderá ser executado nos próximos tempos, no entanto, com financiamento privado externo. Para isso, já estão a ser feitos contactos com empresários do Brasil e África do Sul.
“A parceria público-privada é a solução mais eficaz para este projecto, o nosso Presidente tem estado a desdobrar-se na busca de parcerias com outros países da América Latina e da África que já carregam uma certa experiência na produção de carne. Eles acreditam em nós e sabem que nós temos potencial” revelou.