Se tudo correr como o previsto, até ao próximo mês de Junho Angola e brasil terão uma Câmara de Comércio no sentido de fomentar as trocas comerciais. Isenção de vistos, é o que pede Raimundo Lima
O presidente eleito de direcção da Associação dos Empresários e Executivos Brasileiros em Angola (AEBRAN) anunciou, em exclusivo, que uma das principais prioridades do seu mandato é a criação da Câmara de Comércio Angola/Brasil.
Raimundo Lima avançou ainda que “temos todos os documentos prontos para até ao próximo mês lançarmos a Câmara de Comércio, que vai ajudar na dinamização do comércio entre os dois países”, disse.
Para tal, diz contar com o apoio dos seus colegas brasileiros que se encontram em Angola, bem como os empresários angolanos com interesse no Brasil. O também empresário refere que, com o surgimento deste instrumento de mediação, as trocas comerciais entre os dois países podem ser diversificadas, ao mesmo tempo que revela ter havido melhoria substancial no primeiro trimestre, comparativamente ao período homólogo de 2021, que ainda era marcado pela pandemia de Covid-19.
Dados disponíveis indicam que houve uma retoma, em 2022, nos fluxos que voltaram ao patamar de USD 1,5 mil milhão, valor da média pré-pandemia, e que tinha caído para cerca de USD 600 milhões. Dados de África-21 que cita o embaixador do Brasil em Angola, Rafael Vidal, apontam que as exportações angolanas superaram as do Brasil, com o país latino-americano a exportar USD 700 milhões (sobretudo máquinas e equipamentos, e produtos agro-alimentares), enquanto Angola vendeu 800 milhões ao parceiro.
Face a este cenário, Raimundo Li- ma lembra que em termos de cooperação económica Angola ex- porta unicamente petróleo para o Brasil, e do Brasil para cá chegam uma grande diversidade de produtos, destacando-se a carne bovina. Cita ainda o caso dos pequenos negócios, vulgo “muamba” que são realizados pelas angolanas que compram vestuários naquele país da América do Sul. “O mercado brasileiro pode ser melhor aproveitado. Basta que os angolanos façam um estudo de mercado e investiguem aquilo que o Brasil precisa e que eles podem fornecer”, admitiu.
Agro-indústria Ao nível da agro-indústria, o Brasil é uma potência mundial, destacando-se na produção e exportação de cereais, bem como de carne de vaga e de frango. Em face disso, Raimundo Lima acha que Angola devia tirar vantagens do seu país para acelerar os programas em curso ligados aos sectores da agricultura e da pecuária. “Os empresários brasileiros têm muita experiência que podem transmitir. E vamos trabalhar para que eles venham cá montar fazendas.
Precisamos também trabalhar para isenção de vistos entre os dois países”, sugeriu. Insistiu que o Brasil transforma grande parte dos produtos do campo, tirando maior proveito deles. É o caso da mandioca cuja farinha serve para produção de fuba, pão, e para bolo. O mesmo acontece com a cana-de-açúcar, que depois de triturada o suco é consumido. “No Brasil não se perde nada. É isso que Angola pode ir buscar e implementar aqui”, disse.