O período de proibição de pesca do peixe carapau, ao longo da costa marítima angolana, decretado em Julho, para permitir a reprodução da espécie, terminou a 31 de Agosto, mas o preço da espécie continua alto, saindo de 40 para 56 mil kwanzas a caixa
Colocar o carapau à mesa está mais caro, se com- parado com o período de veda deste tipo de peixe. Segundo constatou OPAÍS, nos principais mercados de venda de peixe, apesar do levantamento da proibição de pesca do carapau, o produto continua a chegar caro à mesa das famílias. A caixa disparou de 40 para 56 mil kwanzas.
O monte de sete unidades de peixe carapau grosso custa 5 mil kwanzas, ao passo que 6 unidades de peixe miúdo, da mesma espécie, custa 2500 kwanzas nos mercados do Mundial, em Cacuaco e na Mabunda, distrito urbano da Samba, bem como na Barra do Dande, na província do Bengo.
A consumidora Telma Ricardo diz não entender as razões da subida da caixa de carapau, quando devia baixar, já que a proibição da pesca foi levantada a 31 de Agosto.
Este ano, 2024, a veda foi reduzida de três para dois meses, devido à reprodução progressiva da biomassa desse pelágico. Dânia, uma peixeira que conversou com o nosso jornal, diz que há cidadãos estrangeiros a venderem o pescado no alto mar aos pescadores nacionais e, por isso, quando chega em terra, quem compra é um grupo limitado e que revende a preços altos.
“Há vendedoras que já têm contactos de pescadores de embarcações de estrangeiros e que fazem o negócio no alto mar”, denunciou Dânia. Em 2023, segundo dados do Ministério das Pescas, a captura total de todas as espécies foi de 390 toneladas.
Este número representou uma queda de 30% em relação ao ano anterior. Importa referir que ainda em 2023, o peixe carapau representou 18% do volume total de desembarque do pescado nos mares angolanos, de acordo com dados do Ministério das Pescas.
Fiscalização do mar com poucos meios
O director nacional das pescas, Victor Chilamba, reconheceu, em Julho, que há fraca fiscalização nos mares angolanos, por insuficiência de meios técnicos capazes de abranger todos os pontos.
Os mares angolanos são violados, por angolanos e estrangeiros. Por exemplo, em Março do ano corrente, a Polícia Fiscal apreendeu nove embarcações por pesca ilegal em Luanda.
De acordo com o subcomissário Mateus Rodrigues, as embarcações apreendidas na altura estavam autorizadas a pescar apenas numa zona, com mais de seis milhas, mas foram encontrados a fazer a pesca em áreas com três milhas.
O director Nacional das Pescas, Victor Chilamba anunciou, recentemente, em declarações a este jornal que, para travar o fenómeno, o Ministério das Pescas e dos Recursos Marinhos está a trabalhar no Projecto de Revitalização do Ser- viço Nacional de Fiscalização das Pescas.
POR:José Zangui