O maior banco comercial do país detido pelo Estado está, há 20 dias, em falta com os seus clientes relativamente à promessa de retoma da concessão de crédito, previsto para o início deste mês. Uma fonte do OPAÍS revelou que ainda não está marcada uma data precisa para o regresso da concessão do crédito
Texto de: Hélder Caculo
O Banco de Poupança e Crédito (BPC) ainda não retomou o processo de concessão de crédito previsto para o primeiro trimestre do corrente ano, como havia garantido o seu presidente do Çonselho de Administração, Alcides Safeca. Fontes do OPAÍS informaram que até ao momento, a administração do banco ainda não tem data concreta para a retoma do crédito. Em causa está o processo de saneamento da carteira de crédito e os elevados custos operacionais do banco, definidos pela nova administração como principais desafios para este ano.
“A partir do próximo mês de Abril, o BPC retoma os créditos garantidos pelo salário e às empresas privadas. Primeiro será retomado o crédito-salário, e só depois, à medida que a situação financeira do banco for melhorando, é que voltarão a ser concedidos financiamentos ao sector empresarial privado”, garantiu o PCA do maior banco comercial do país, em Março deste ano.
A instituição que recebeu Kz 180 mil milhões do Estado para a sua recapitalização, havia definido o primeiro trimestre como o período que daria lugar ao processo de saneamento da sua carteira de crédito malparado, avaliado em mais de Kz 500 mil milhões. Entretanto, o banco ainda não se pronunciou sobre o assunto.
“Estamos num processo de negociação com os devedores e, no final, vamos fazer um balanço. A concessão de crédito aos clientes está para breve, mas vai depender do saneamento da carteira de crédito que está a ser feito”, disse Alcides Safeca, em Novembro de 2017.
Em relação ao saneamento da carteira de crédito malparado, Alcides Safeca havia assegurado que negociações estavam em curso com os devedores do banco, visando a sua recuperação, sublinhando que este processo estava “a decorrer bem”. Alcides Safeca, anterior secretário de Estado do Orçamento é o quarto presidente do Conselho de Administração que o banco conhece desde Outubro de 2016.
o conselho do FMI ao BPC
Em 2017, no âmbito das consultas realizadas ao sistema financeiro angolano, o Fundo Monetário Internacional havia sugerido ao Estado a não fazer qualquer outra recapitalização do BPC antes de estar provado que o banco deu passos significativos em direcção à redução de agências, o dimensionamento do pessoal e a adopção de critérios mais rigorosos na concessão de crédito.
O banco possui agora acima de 444 pontos de atendimento em todo o país, e conta com uma estrutura accionista que é liderada pelo Ministério das Finanças, em representação do accionista Estado (com 75 %), o Instituto Nacional de Segurança Social (15%) e a Caixa da Segurança Social das Forças Armadas (10%).