Os dois primeiros meses do ano, Janeiro e Fevereiro, apesar das diferenças entre eles, também foram marcados por uma forte actividade, com o volume de negócios a alcançar 766,9 e 205,01 mil milhões de kwanzas, em comparação com o mesmo período do ano anterior
A Bolsa de Dívidas e Valores de Angola (BODIVA), atingiu, nos primeiros 15 dias do mês de Março, negociações na ordem dos 109,3 mil milhões de kwanzas, conforme os dados Dashboard da referida instituição O balanço actual da BODIVA revela a existência de 29 mil e 34 contas custódias (número que serve para medir o volume de investidores), um decréscimo de 1396 contas em comparação com o início do ano.
Os dados da Bolsa aponta que mais de 90% das operações foram conduzidas de forma bilateral, totalizando 101,2 mil milhões de kwanzas, enquanto os negócios multilaterais alcançaram cerca de 8,2 mil milhões de kwanzas. Os dois primeiros meses do ano, Janeiro e Fevereiro, apesar das diferenças entre eles, também foram marcados por uma forte actividade, com volume de negócios a alcançarem 766,9 e 205,01 mil milhões de kwanzas, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Importa recordar que no ano passado os negócios na BODIVA, no mês de Janeiro, foram de 95,5 mil milhões, enquanto em Fevereiro o movimento foi de 63,1 mil milhões de kwanzas.
Aumento da inflação e redução ao crédito Em reacção, o economista Eduardo Manuel considera que os prin-cipais factores que geraram o aumento das negociações na BODIVA, durante os primeiros 15 dias do mês de Março, são o aumento da inflação e a diminuição do crédito ao investimento concedido pelos bancos comerciais. Isso, continuou, levou a que as empresas não conseguissem obter fundos através das receitas e do crédito bancário, o que as levou a recorrerem à BODIVA para obterem fundos fora do mercado bancário. Relativamente à diminuição do número de contas custodiadas desde o início do ano, Eduardo Manuel sublinhou que isso reduz a capitalização do mercado financeiro angolano, pelo facto de as empresas estarem mais limitadas em aceder à BODIVA, para se financiarem fora do sector financeiro.
No que diz respeito à relevância da predominância das negociações bilaterais em relação às multilaterais, o economista enfatizou que as mesmas tornam as negociações da BODIVA mais restritas a certos países. Isso torna a diversificação e liquidez da BODIVA mais dependente em relação aos países abrangidos pelos acordos bilaterais. Já no caso das negociações multilaterais, acontece o contrário: Estás permitem, na visão do economista, diversificar mais a liquidez do mercado de valores angolano e não tornam a BODIVA, do ponto de vista institucional e negocial, dependente de um único país. Eduardo Manuel apelou para que a BODIVA diversifique os acordos institucionais a nível internacional, para aumentar a oferta de investidores e empresas presentes no mercado.
“Deverá aumentar as contas custódias, deverá rever os requisitos de acesso, de forma a permitir a entrada das Micro, Pequenas e Médias Empresas e de investidores nacionais e estrangeiros de vários perfis, dos diversos países do mundo”, considerou. De acordo com a BODIVA, o ano passado foi o de maior volume financeiro movimentado historicamente na bolsa angolana em kwanzas, em mais de 5 mil negócios avaliados em 7,8 biliões, impulsionado pela emissão das obrigações corporativas da Sonangol e conjugado com o desempenho do Tesouro Nacional, que em determinado momento do ano realizou algumas operações de recompra, compra e venda de dívida para alongar a maturidade da mesma.
POR: Francisca Parente