A Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA) perspectiva a abertura de sete mil contas custódias anualmente, aumentando das actuais 30 mil para 58 mil e 389 contas, conforme consta do relatório de 10 anos da instituição
Na apresentação do relatório de Mercados BODIVA, Walter Pacheco fez saber também que a referida instituição prevê aumentar o valor das suas transacções de 8,4 bilhões de Kwanzas para 9,4 bilhões de Kwanzas, assumindo um crescimento de 9% ao ano em montante custodiado. Relativamente aos negócios BODIVA, conforme consta do relatório de Mercado, em 2023, mais de cinco mil negócios foram avaliados em 7,8 bilhões de Kwanzas.
Ao intervir na quinta edição do Fórum BODIVA, realizado recentemente em Luanda, o director do Departamento de Negociações, Raul Diniz, enfatizou que a capitalização do mercado contou com um peso sobre o Produto Interno Bruto (PIB) de 24,22% (61 012 mil milhões), em 2023, contra os 7,27% (54 578 mil milhões) do ano anterior.
Sublinhou que no período em análise registou-se a desvalorização do Kwanza em cerca de 65%, assim como uma descida de 10% do preço do barril de petróleo, com tendência decrescente. A privatização de 30 por cento das acções da BODIVA deverá ocorrer ainda este ano. Esta medida é parte do Plano Estratégico, que prevê para 2027 a privatização na totalidade no quadro do Programa de Privatizações (PROPRIV).
Angariação de fundos
Em reacção, o economista Eduardo Manuel considera que o lançamento da bolsa de mercadorias e a privatização parcial da BODIVA vão contribuir para o crescimento do mercado de valores mobiliários em Angola, visto que os agentes económicos terão mais opções quer de investimentos, quer para arrecadação de fundos. A privatização parcial da BODIVA, segundo Eduardo Manuel, para além de dar maior dinamismo à gestão desta instituição, vai contribuir para a angariação de recursos financeiros para o Estado angolano que poderão ser usados para financiar os diferentes projectos de investimento que existem em carteira.
Relativamente a perspectiva de abertura das sete mil contas custódias, o especialista sublinhou que isso demonstra que a BODIVA tem estado a acompanhar o interesse das empresas em se financiarem, sem recorrerem aos mercados financeiros. Estas empresas envolvidas, continuou, ao obterem fundos através da emissão de obrigações vão poder investir e expandir as suas actividades sem a necessidade de dependerem dos seus clientes para a arrecadação de receitas para esse fim.
“Perspectiva-se um aumento da capitalização do mercado financeiro angolano”, enfatizou. No que diz respeito aos desafios e conquistas, Eduardo Manuel aclarou que os desafios que a BODIVA irá enfrentar tem a ver com o facto de existir um cenário, onde há uma forte procura de recursos financeiros fora do sector financeiro, por parte das empresas, para desenvolverem o seu negócio, daí que terá que estar preparada a nível institucional para receber as solicitações e gerir as contas de custódia das empresas.
O também economista Marlino Sambongue enfatizou que a perspectiva de aumento anual da abertura das contas custódia é um sinal de maior número de registos que identificam os titulares dos Valores Mobiliários registados na Central de Valores Mobiliários de Angola, o que significa maior número de investidores no mercado de valores mobiliários e consequentemente maior dinamismo do mercado de valores mobiliários como parte integrante do mercado financeiro de Angola.
Para atingir a meta de aumentar volumes de negociação, a BODIVA, na perspectiva do economista, tem como desafios o de continuar a inovar em termos de produtos e serviços, de infra-estruturas tecnológicas em particular de negociação e pós negociação; a adopção das normas internacionais de contabilidade, de qualificação dos seus profissionais com vista a promover a inclusão e participação financeira de cada vez mais cidadãos nacionais.
POR: Francisca Parente