O governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Manuel Tiago Dias, disse ontem, em Luanda, que a intuição bancária regista uma média diária de 250 ataques cibernéticos, contrariamente às 350 tentativas que se verificavam em igual período do ano transacto, correspondendo a uma diminuição de 28,5% do volume de tentativas sofridas.
Por essa razão, Manuel Tiago Dias sublinhou que no âmbito do Plano Estratégico do Banco Central para o período 2023-2028, a instituição está a reforçar os pilares de ciberse- gurança, implementando processos e tecnologias inovadoras, com recurso à inteligência artificial, ao qual se junta um forte investimento no seu quadro de especialistas, visando reforçar a confiança dos participantes no sector financeiro por si regulado e supervisionado.
O responsável, que falava durante a 2.ª edição do Ciclo Anual de Conferências do BNA referente ao ano em curso, cujo tema incide sobre “A Cibersegurança no Sistema Financeiro Angolano”, referiu que, no mundo actual, o uso das tecnologias de informação e comunicação, com recurso à internet, tornou-se indispensável para o alcance dos objectivos de negócio das organizações.
Disse, igualmente, que o facto é marcado num contexto de digitalização e interacção permanente dos participantes do ecossistema das redes de informação, sublinhando que o uso das tecnologias de informação e comunicação aumenta nas ameaças, o que obriga a concepção de mecanismos que permitam a utilização destas tecnologias de forma segura, eficiente e produtiva.
“Os mecanismos relacionados à cibersegurança tornam-se indispensáveis para as organizações, visando prevenir a invasão das suas infra-estruturas, incluindo o roubo e o comprometimento de dados, evitando prejuízos financeiros, reputacionais, operacionais e estratégicos, que podem afectar negativamente o negócio ou o cumprimento da missão organizacional”, explicou.
Para Manuel Tiago Dias, as ameaças em causa incidem em grande escala sobre o sistema financeiro, com realce para o sector bancário, em virtude dos benefícios que os praticantes de tais actos se propõem a alcançar através da exploração dos riscos não tratados pelas organizações.
O responsável acredita que o tratamento dos riscos cibernéticos deve assentar na aposta constante em investimentos que atendam medidas preditivas, preventivas e correctivas, numa proporção que garanta a salvaguarda daquele feito nas tecnologias de suporte ao negócio, bem como assegurar a estabilidade e reputação do sistema financeiro, promovendo, deste modo, a confiança e contribuindo para o reforço da inclusão financeira.
“O sistema financeiro e os bancos, em particular, pelo papel preponderante que desempenham na economia, constituem alvos preferenciais dos criminosos que tentam, persistentemente, ter acesso, de maneira fraudulenta, aos sistemas informáticos das instituições”, disse.
Novos normativos concebidos
No capítulo da regulação, Manuel Tiago Dias disse que estão a ser concebidos instrumentos normativos que visam adequar a regulamentação vigente à dinâmica que o ambiente cibernético nacional e internacional impõem, impulsionando a troca de informação entre as instituições financeiras, assim como no auxílio e tratamento de incidentes cibernéticos, cujas motivações e impactos podem tocar a escala nacional.
O responsável disse que a presente edição do Ciclo Anual de Conferências permitirá ao BNA olhar atentamente sobre as melhores práticas internacionais, com o contributo sobre a visão de cibersegurança do Banco de Portugal, a maturidade cibernética dos bancos comerciais e o impacto do Ransomware no contexto do sistema financeiro nacional.