Quem visita o perímetro florestal no Alto Catumbela, município da Ganda, província de Benguela, é confrontado com um barulho quase que ensurdecedor do roncar de geradores e tractores em movimento, ao que se segue o barulho de derrube de árvores aba- tidas com sucesso, como ironizou um munícipe que responde pelo nome de Manuel Tchindondo.
Os locais de exploração são, praticamente, inacessíveis para o resto da população, com excepção de quem seja solicitado para prestar um serviço. De lá, ouve-se apenas o roncar de motores de geradores e serras eléctricas.
Da Ganda, camiões carregados de madeira seguem viagem em direcção à capital do país. A madeira em bruto é colocada em camiões, sem nada deixarem para a província de origem. O cidadão acima referido já prestou serviços a uma das empresas que exploram madeira no Alto Catumbela e considera a actividade bastante lucrativa, não entenden- do as razões de as empresas praticarem salários abaixo de 20 mil kwanzas. Os 14 mil kwanzas que recebe mensalmente ficam muito aquém do desejado.
“A questão está à leste da Administração”
Para quem tem de lidar quase que, diariamente, com “invasão” de empresas estrangeiras e também de angolanas no seu território, o tempo começa a escassear-se, tal é a necessidade de se preservar as florestas, que têm sido desmatadas sem que haja um plano de reflorestamento por parte de algumas empresas que olham apenas mais para o lucro.
“Pronto, nós, às vezes, tomamos conhecimento de que a Polícia apreende este camião sem qual- quer documentação de corte de madeira ou de carvão. Por exemplo, nesses últimos dias, foram três carrinhas carregadas de carvão”, sustentou, recentemente, o administrador municipal Francisco Prata, em declarações exclusivas ao OPAIS.