Apesar do potencial evidente, as condições actuais ainda limitam o desenvolvimento sustentável do sector, destacou Cláudio Pepino, tendo apontado a falta de infra-estrutura adequada como o maior entrave ao crescimento do turismo em Benguela. Estradas em más condições e a ausência de voos directos para as províncias do sul dificultam o acesso de turistas às principais atracções da região, segundo o responsável.
“O turismo é transversal. Sem estradas e serviços aéreos eficientes, é difícil atrair visitantes de forma consistente”, explicou Pepino, enfatizando a importância de uma abordagem integrada entre diferentes sectores para promover o turismo local. No entanto, há esperança de mudança com a entrada em cena do novo aeroporto internacional, que promete melhorar significativamente a conectividade da região.
A associação, juntamente com o Governo, planeja criar novas rotas e explorar baías ainda pouco conhecidas, consideradas promissoras para o turismo costeiro. Com águas que atingem temperaturas de até 32°C, as praias de Benguela são frequentemente comparadas às do Namibe, com a vantagem de não serem afectadas pelas correntes frias características da província vizinha.
Os problemas como a sobre- carga das baías mais populares, a falta de segurança e a presença de pedintes e delinquentes afastam os turistas, reduzindo a competitividade da província como destino turístico.
Para contornar essas dificuldades, a Associação de Hotelaria e Turismo defende a exploração de baías maiores e ainda pouco desenvolvidas. Contudo, a burocracia e os acessos precários continuam a desestimular investidores privados interessados em actuar na região.
Transição do turismo social para económico
Entre as metas para o próximo ano, está a transição do turismo de uma vertente predominantemente social para uma económica, que abriria espaço para o acesso a créditos bancários. Esses recursos seriam utilizados para a reabilitação e ampliação das unidades hoteleiras, muitas das quais operam há mais de 15 anos sem grandes investimentos.
“Actualmente, temos uma taxa de ocupação média de apenas 50%, muito em função da falta de manutenção adequada. Com o apoio de incentivos financeiros e governamentais, podemos mudar esse cenário”, afirmou Pepino.
Mesmo com os desafios, Benguela vivenciou momentos de alta no turismo, como durante a última quadra festiva. As unidades hoteleiras estiveram lotadas se- manas antes do evento, trazendo um alívio financeiro para muitas delas.
“A visita de Joe Biden à Angola impulsionou não apenas a arrecadação dos hotéis, mas também movimentou restaurantes e outros serviços turísticos em Benguela”, ressaltou Pepino, destacando o impacto que eventos internacionais podem ter na economia local.
O turismo em Benguela, segundo Cláudio Pepino, é promissor, mas ainda precisa superar entraves estruturais e logísticos para atingir o seu pleno potencial. Para isso, será necessário o fortalecimento das políticas públicas voltadas ao sector, o incentivo ao investimento privado e a implementação de medidas que consolidem o turismo como um pilar estratégico da economia.
“Enquanto essas mudanças não acontecem, a província continua a lutar para equilibrar seu vasto potencial natural com as limitações impostas pela infra-estrutura e pela falta de apoio institucional adequado”, disse.
POR:Francisca Parente