Em 11 anos, só em cinco ocasiões a balança comercial angolana ter- minou o ano com sal- do positivo. Especialista em planeamento fala em necessidade de escolher um recurso para explorar e dominar além do petróleo. Apesar do desempenho positivo da exportação petrolífera, a balança comercial de Angola registou, no primeiro trimestre de 2023, um saldo líquido negativo de USD 2,2 mil milhões.
O resultado da balança geral é de USD 199,9 milhões negativos, fruto de um desempenho negativo em todos os itens, excepção feita ao segmento do petróleo, onde se vendeu 8,6 mil milhões e se comprou pouco mais de USD 4 mil milhões. Da construção ao transporte, todos os itens da balança comercial angolana estão negativos. Pelo que, segundo o especialista em planeamento, Lázaro José, não espanta o facto de termos por vários anos consecutivos, uma balança comercial negativa.
Para o especialista, é urgente Angola tomar uma posição e decidir fazer uma aposta forte e consolida- da num produto que consiga dominar e que consiga vir a se tornar referência mundial de facto. “Temos muitos recursos, mas há que escolher um para explorar e dominar de A a Z. Isso não se enquadra no petróleo, porque este está longe de poder vir a ser controlado por Angola, pois existe além de investimento continuo e robusto, um know how que não temos”, disse Lázaro José, acrescentando que precisa-se um compro- misso verdadeiro e de Estado para que se possa definir uma estratégia de longo prazo.
As palavras do especialista levam ao ano de 2020 em que o resulta- do global da balança foi negativo de mais de USD 3 mil milhões, ou ainda a 2018, em que se chegou aos USD 519 mil milhões. Salta à vista que neste mesmo período, de 2018 a 2023, o saldo líquido da balança comercial, foi sempre negativo, um resultado preocupante, se se tiver em conta a balança de pagamentos 2012 a 2023.