Segundo o presidente da Associação, Rui Santos, em entrevista ao OPAÍS, neste momento, não há dados exactos, apesar de garantir que há produção interna, prevendo para este ano, 2025, colocar ao mercado 10 mil toneladas, embora este número não seja suficiente para atender o mercado.
Por esta razão, Rui Santos anunciou, para breve, o início de um levantamento estatístico nas diferentes províncias para se saber qual é a capacidade instalada de cada uma, de modos a serem apresentados ao Executivo. Rui Santos disse que, apesar disso, apoia a medida tomada pelo Executivo porque vai incentivar a aceleração da produção locar da carne de frango.
“Nós temos que partir para a produção e o Executivo peca porque essa medida surge tardiamente”, disse. De acordo ainda com Rui Santos, a Associação dos Avicultores de Angola assumiu junto do Executivo o compromisso de produzir, este ano, 10 mil toneladas de carne de frangos, mas reafirma que este número não vai atender os cerca de 36 milhões de habitantes.
Entretanto, sublinha que nem todos consomem frango, talvez 60% no meio urbano e 40% do meio rural, porque há quem tenha as suas produções de galinha para consumo de subsistência. As necessidades dos produtores estão identificadas, rações, soja, sobretudo.
O mercado angolano ainda não é auto-suficiente em milho e na soja, que é 70% é importada. Os produtores pedem, por isso, apoio institucional do Executivo, por exemplo, para subsidiar a importação de milho e da soja.
Importa referir que uma galinha viva no aviário custa 3500 kwanzas, a morta, no caso o frango, 3000 kwanzas. Já nos supermercados, o frango importado sai entre 3600 e 5000 kwanzas, preço que, segundo Rui Santos, não justifica, porque devia se apostar na produção local.
A empresária Elisabeth Dias dos Santos, Presidente do Conselho de Administração da Fazenda Kikuxi e membro da Associação dos Avicultores de Angola, contactada por este jornal para saber qual é a sua opinião sobre a medida do Executivo, afirmou não se rever em muitas posições tomada pela associação e que o resto cada um já sabe o que lhe espera, disse, finalizando que não está para contrariar decisões.
Importa referir que o Ministério da Agricultura justifica, na decisão, que existem condições para a produção local dos referidos produtos e subprodutos de origem animal, que estará vetado à importação e não serão emitidas licenças.
Na lista dos produtos proibidos, para bovinos, estão miudezas, dobradas, rins, fígado, rabinho, cabeça, coração e pulmões, enquanto para aves constam a asa de peru, galinha e pato, moela, coração, dorso (carcaça), pescoço e fígado.
Nas aves, estarão ainda proibidas a importação de coxa, coxa de galinha rija, coxa de peru e coxinha. No que diz respeito à lista de produtos de origem suína, fazem parte a cabeça, máscara, orelha, focinho, rabinho, esterno, fígado, pescoço, coração e as miudezas.
Consumidores não acreditam na resposta interna
Para alguns consumidores ouvidos pelo OPAÍS, a medida não é exequível, por entenderem que não se pode proibir a entrada de alimentos que o país ainda não produz em grande escala.
O consumidor Milton Pardal lembrou que não é a primeira vez que o executivo toma esse tipo de medidas e depois recua, por se tratar de produtos semi-viáveis. Em Maio de 2023, o Ministério do Comércio também tinha proibido a importação de vários subprodutos de origem animal, mais conhecidos popularmente por “carcaças”, tendo a proibição incluído os restos de frango, como cabeças, pontas de asas e rabinhos.
Entretanto, estes produtos abundam no mercado. De acordo ainda com Milton Pardal, o próprio comunicado do Ministério da Agricultura não dá garantia de que o país já produz, refere que “o país tem condições para produzir”, mas, enquanto não se produz em grande escala, “não faz sentido proibir”, disse.
Outro consumidor, Alberto Garcia, é de opinião que o país ainda não está preparado para proibições de importações, pois alerta que “uma coisa é a informação que os produtores passam ao Executivo para buscarem protecção, outra é a realidade”.
E para Manketa Luiona, a medida de protecção e incentivo à produção local é boa, todavia, defende que o país precisa acelerar na produção de carne industrial em grande escala. Essa consumidora duvida que a medida funcione, por antever que, quando o mercado começar a cobrar com a alta de preço, haverá um recuo da parte do Executivo.
Vidal Praia também alerta para o agravamento do custo da cesta básica das famílias. Para este consumidor, actualmente, para muitas famílias, está difícil comprar uma caixa de coxa de galinha, salvando-se no fenómeno “sócia”. Agora, refere, vai ficar mais difícil comprar a caixa inteira.
De acordo com Vidal Praia, caso a medida seja implementada, o frango passará a ser um alimento para ricos, por entender que o aumento do preço será inevitável.
POR: José Zangui