Angola terá registado o maior pico de inflação atingindo 28,2 por cento em abril de 2024, o maior número verificado desde Junho de 2017, avançou, ontem, em Luanda, o representante residente do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Angola, Victor Duarte Ledo. “Desde junho de 2023, Angola apresenta uma inflação ascendente atingindo 28,2 por cento em Abril, o maior nível desde junho de 2017 “, revelou.
O responsável que falava durante a apresentação do mais recente relatório do FMI, com o tema “Perspectivas Económicas Regionais da África Subsariana: Uma Recuperação Tímida e Dispendiosa”, referiu que, comparativamente aos países da África Subsariana, Angola influenciou negativamente o crescimento da região em 2023, no entanto, contrapõe, afirmando que deverá contribuir positivamente neste e no próximo ano.
O FMI estima, igualmente, um melhoramento económico para quase dois terços dos países da região subsariana e verifica um crescimento rápido em comparação com o ano anterior, como é caso de Angola, embora este grupo tenha vivido dois anos de declínio de crescimento. “As perspectivas da região estão a melhorar e espera-se que 2024 aumente de 3,04 por cento em 2023 para 3,8 por cento em 2024”, disse.
Apesar do nível alto, segundo o FMI, Angola está alinhada no combate à inflação, tendo em vis- ta o saldo primário não petrolífero, servindo de um indicador relevante para o ajuste fiscal a registar uma evolução.
Relativamente ao rácio da dívida pública em Angola, o FMI disse que cresceu mais de 20 pontos percentuais para 80 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023, em função de forte depreciação cambial, mas que deverá declinar para 70 por cento em 2024 e, atendendo o ajuste fiscal em curso, poderá atingir os 60 por cento do PIB orçamental de Angola que melhorou relativamente no ano 2022 para 2023.
Quanto à dívida soberana de Angola, Víctor Ledo afirmou que esta diminuiu de um máximo de cerca de 1200 pontos base em Julho de 2022 para cerca de 550 pontos base em Março de 2024, um declínio de 650 pontos base. O secretário de Estado das Finanças e Tesouro, Ottoniel do Santos, que encerrou o encontro, avançou que o Orçamento Geral do Estado (OGE) para o exercício económico de 2024 prevê uma taxa de crescimento do PIB de 2, 24 por cento em termos globais.
Para Ottoniel do Santos, esta meta deverá ser superada prevendo- se, nesta altura, que o crescimento seja de 3,01 por cento impulsiona- do pelo sector não petrolífero o qual deve crescer 5,31 por cento, vindo da agricultura, pescas, indústria, construção, energia e serviços. Participaram deste evento, para além de membros do Conselho de Administração e corpo directivo do BNA, representantes do Executivo, o representante residente do FMI em Angola, quadros de instituições financeiras, membros da sociedade civil e académicos.