Se a direcção dos Caminhos-de-Ferro de Benguela afirma estar em condições de garantir o transporte das 10 mil toneladas de manganês provenientes da República Democrática do Congo, o Porto do Lobito confessa a incapacidade do Porto Mineiro para o receber.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela
A direcção dos Caminhos- de-Ferro de Benguela garante ter as condições técnicas e operacionais criadas para o transporte de 10 mil toneladas de manganês, provenientes da República Democrática do Congo. Já o Porto do Lobito, outra infra-estrutura importante na cadeia de transporte do minério para o resto do mundo, revela incapacidade do Porto Mineiro e adverte que a sua empresa precisa de uma operacionalização acima dos 100%. Num encontro com despachantes, agentes marítimos e a AGT, na cidade do Lobito, presidida pelo ministro dos Transportes, Augusto da Silva Tomás, o presidente do conselho de administração do CFB, Luís Teixeira, referiu que, como resultado do acordo rubricado no dia 15 de Novembro de 2017, em Kinshasa (RDC), entre o CFB e a sua congénere da RDC, foram dados passos subsequentes que culminaram com a assinatura de um acordo técnico que definiu os parâmetros técnicos e operacionais.
No dia 25 de Janeiro, no Luau, as partes assinaram igualmente um protocolo de comprometimento, visando delinear um cronograma de acções. “De 2 a 5 deste mês, foi preparado o material circulante para a transportação das 10 mil toneladas de manganês, que é o minério que o cliente se dispôs a fazer transportar através do corredor do Lobito”, explicou. Para fazer face à empreitada, o PCA dá conta que o CFB já tem mobilizado três comboios, com 25 vagões de 40 toneladas cada um, perfazendo mil toneladas por comboio. O responsável pontualiza que, obedecidos os procedimentos aduaneiros, no dia 5, os comboios partiram com destino ao Luau, tendo atravessado a fronteira dia 7 em direcção à mina de Kissengue (RDC). “Neste momento, os comboios estão a ser carregados.
Pesem embora algumas dificuldades decorrentes da primeira operação, tais como mobilização de meios e pessoal, pensamos nós que, até ao fim deste mês, nós temos aqui o produto”, garante o PCA da empresa ferroviária, para logo a seguir elogiar o apetrechamento de que beneficiou a sua empresa com 48 novas locomotivas novas e a modernização/reabilitação de 1.344 quilómetros de linha, do Lobito à fronteira com a RDC. Por sua vez, o PCA do Porto Comercial do Lobito, Agostinho Felizardo, adverte que, para fazer face à demanda, a sua empresa precisaria de uma operacionalização acima dos 100 por cento, de modo a que a mesma não seja tida como principal obstáculo.
“Ao contrário do que vai pairando aqui na sociedade, particularmente aqui no litoral, esta acção, ao nível do porto, não será realizada ainda no Porto Mineiro. É bom que isso se esclareça”, disse, lembrando, entretanto, que a estrutura que está adstrita à actividade é o Porto Seco. Já o ministro dos Transportes, Augusto Tomás, entende que, com a entrada do minério de Catanga, o Executivo angolano alcançou os seus objectivos, a julgar pelos investimentos milionários em infra-estruturas ferro-portuárias.
Despachantes queixam-se de burocracia
Os despachantes pediram às duas empresas a definição das tarifas e reclamam excesso de burocracia no CFB e Porto Comercial do Lobito, facto que contribui para a desistência de clientes. O despachante Manuel da Costa Lobo elucida que havia pretensões de um cliente fazer o transporte do manganês do Canadá, fazendo trânsito pelo porto do Lobito, utilizando o CFB para levar para a RDC. Face à morosidade no processo, os clientes acabaram por desistir: “eu peço: as questões têm que ser tratadas com maior celeridade”. Por sua vez, o despachante reclama que, enquanto prestador de serviços, para fazer propostas a nível contratual precisa do tarifário. “Seria satisfatório sabermos da existência da tabela das tarifas por parte do CFB. Eu propunha que o CFB endereçasse a tabela à Câmara dos Despachantes Oficiais”, pediu, prometendo a empresa dos CFB responder nos próximos tempo, segundo garantiu o seu PCA.