O director Nacional da Agricultura e Pecuária, Manuel Dias, revelou, ontem, em Luanda, que o país quer transformar as regiões secas em produtivas com o apoio do Brasil na investigação agronómica para aumentar a produção agrícola
O responsável , que falava no simpósio “Relação BrasilAngola”, sublinhou que o Brasil conta com uma cadeia de investigação muito forte e está disposta em ajudar o Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA) e o Instituto de Investigação Veterinária para elevar a produção agro-pecuária.
“Os institutos de investigações vão, com o apoio do Brasil, no âmbito da cooperação Angola/Brasil, transformar regiões secas em regiões produtivas, como é o caso do Cunene”, disse.
Segundo o responsável, do Brasil são importados cereais, concretamente arroz, milho e soja para cobrir o défice, tendo realçado que só na questão do milho ronda em 700 mil toneladas.
Por essa razão, estão em cursos diversos projectos, como o Planagrão e o Planapecuária. Manuel Dias apontou a província do Cunene como a região seca que irá contar com ajuda de técnicos brasileiros para a transformar num área produtiva, realçando que para superar o problema da estiagem o Governo está a investir em projectos irrigados, tendo o canal do Cafu como exemplo.
“O Brasil tem a região do Vale de São Francisco que é semelhante ao do Cunene. Era inóspita e foi transformada em alto centro de produtividade agrícola.
O mesmo irá acontecer com o Cunene, depois do trabalho que está a ser feito em parceria com os brasileiros”, explicou.
Manuel Dias disse que, apesar de Angola ter condições para produção em grande escala, a produção agrícola actual não satisfaz as necessidades do país, havendo necessidade de recorrer à importação.
Realçou que cerca de USD 200 milhões são gastos na importação de alimentos, desde cereais a proteína animal, uma situação que precisa ser invertida com o aumento da produção de cereais para alimentar as populações e produzir rações para alimentar o gado.
Além do Brasil, os técnicos vão beneficiar de formação noutros países. Sobre a aquisição de sementes, Manuel Dias disse que o Ministério da Agricultura não produz, mas apoia a produção de sementes e faz aquisição para acudir a actividade camponesa, sublinhando que a semente de alto rendimento é comercializada a preços elevados, apesar de algumas empresas produzirem na Huíla e no Cuanza Sul.
Transferência de conhecimentos Por sua vez, o presidente da Associação de Empresários e Executivos Brasileiros em Angola (Aebran), Raimundo Lima, referiu que o simpósio alcançou os objectivos que passam por promover a transferência de conhecimentos, com um volume grande de informações importantes para as perspectivas na economia angolana, assim como as relações bilaterais Angola/Brasil.
“Tivemos a possibilidade de ouvir experiências de empresários, políticas definidas pelo Governo angolano e brasileiros no segmento da agricultura sustentável”, disse.
Além do simpósio económico, a entidade vai, igualmente, promover shows com o primeiro trio eléctrico do mundo, feijoada brasileira com grupo de samba, mostra de cinema, semana de gastronomia e solenidades comemorativas.