O ministro da Economia e Planeamento, Mário Caetano João, defendeu ontem, segunda-feira,13, que Angola e República Democrática do Congo estão unidos com o mesmo propósito de “desbloquear” o potencial de cooperação económica, incluindo barreira não tarifária, que ainda dificulta a realização de negócios e geração de riqueza
Mário Caetano João, que falava no 2.º fórum económico Angola–RDC, referiu que a realização do fórum não é apenas um evento, mas, sim, um capítulo importante na história económica entre Angola e a RDC, realçando que ao longo dos anos tem testemunhado inúmeras maneiras pelas quais a colaboração internacional pode ser transformadora.
“Estamos unidos pelo mesmo propósito: desbloquear o potencial de cooperação económica entre os dois países irmãos, incluindo barreiras não tarifárias, que ainda dificultam a realização de negócios, geração de riqueza e bem-estar para os nossos povos”, disse.
Mário Caetano João sublinhou que esta edição do fórum económico Angola–RDC ocorre numa altura em que o contexto da economia internacional continua a ser assolado por um conjunto de eventos, nomeadamente as extensões geopolíticas, mudanças climáticas, crises energéticas e alimentares, assim como as catástrofes naturais que tornam lenta a recuperação da economia mundial.
O titular da pasta da Economia lembrou que, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), se espera que em 2024 o crescimento da economia mundial seja de 3%, desacelerando 0,5% pontos percentuais, em relação ao desempenho de 2022, devido à retracção das economias avançadas e ao declínio das economias emergentes em desenvolvimento. “A perspectiva de desenvolvi mento para África subsariana, na qual nos inserimos, é de recuperação da actividade económica em 2024, ainda que prevaleçam grandes desafios, como altas taxas de inflação com o impacto sobre o preço dos empréstimos bancários, a depreciação da moeda e a contracção do financiamento”, reiterou.
Por sua vez, o vice-ministro da Economia da República Democrática do Congo, Vital Kamenhe Lwa Kanyi, referiu que o compromisso dos chefes de Estado de Angola e RDC veio cimentar tema que foi abordado em Kinshasa denominado “Parcerias económicas para o crescimento partilhado” e aconteceu com a presentação dos diferentes produtos produzido em ambos os países. “A organização do 2.º fórum económico Angola–RDC deve ser um ponto de ruptura que vai permitir aos dois países, olhando para a diversidade de recursos naturais, inventar o seu próprio modelo de desenvolvimento, porque, fora das barreiras superficiais, somos um só e o mesmo povo”, exaltou.
Para o responsável da RDC, o 2.º fórum impõem resultados e precisa de uma abordagem baseada na intensificação da nossa cooperação multiforme, isto é, económica, comercial, energética, agro-industrial e alimentar. “Devemos lançar as bases para uma boa articulação das actividades económicas que devem de forma absoluta ser a prova dos nossos esforços no sentido de elaborar um plano económico comum num espírito de partilha mútua”, disse.
Angola exportou cerca de 100 milhões USD para RDC
O ministro da Indústria e Comércio, Rui Minguês de Oliveira, referiu que em 2022 Angola importou da RDC à volta de 10 milhões USD e meio e exportou cerca de 100 milhões USD com produtos manufacturados e industrializados. “Exportámos para o Congo produtos do mar, incluindo peixe e sal e alguns produtos agrícolas”, contou. De acordo com o responsável, a balança comercial entre Angola e a RDC favorece nesta altura Angola, mas provoca alguma preocupação na RDC, por isso a necessidade de continuar a trabalhar juntos para aumentar os níveis das relações e, no futuro, conseguir que as balanças comerciais sejam equilibradas.
Por seu turno, o ministro da Agricultura, Francisco de Assis, sublinhou que a RDC é um potencial comprador de produtos em Angola, no entanto é preciso organizar bem o comércio para que os dois Estados consigam tirar vantagens desta relação. Francisco de Assis destacou que o continente africano tem cerca de 870 milhões de hectares de terras aráveis, apenas 60% é explorada e Angola e a RDC têm uma fatia grande.
Por outro lado, o continente africano importa mais de 100 milhões de toneladas de cereais por ano, daí a presença dos empresariados dos dois países, com a criação de políticas públicas que permitam que a actividade produtiva possa fluir, bem como o treinamento do pessoal, e perceber que é um potencial que precisa ser aproveitado. “Vamos dedicar-nos aos sectores primários que vão garantir as matérias-primas para o percurso que temos de fazer, ou seja, a produção de alimentos tem de ser uma actividade fundamental e devemos ter o máximo de atenção”, explicou